Por Michel Gherman
A ideologia deste governo flerta com o nazismo, tem bases sociais nazistas, se articula com perspectivas nazistas. É eugênica. E neste sentido, genocidária.
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Acabo de assistir parte do depoimento dos médicos da Prevent Senior. Uma mistura por busca por lucro, ideologia da morte, eugenia, com perspectivas claramente de hierarquia nazista. Algumas pessoas se incomodam nas minhas comparações com o nazismo que eu faço em relação às políticas do governo Bolsonaro.
Eu fico pensando como elas dormem, como elas acordam, como elas imaginam que depois de um depoimento como este, onde há claramente uma dimensão eugênica misturada com a busca pelo lucro constante e a valorização da morte em relação à vida e não da vida em relação à morte estão escancaradas diante de si.
Como aqueles senadores lidam defendendo ou tentando defender o governo não me importa. Amanhã eles vão fazer o contrário. Eles tem uma dimensão da política pragmática, que tem a ver com a carreira deles. Estou me referindo a pessoas comuns, pessoas que amanhã, depois de amanhã, vão ter que responder perguntas feitas pelos seus netos e filhos.
É porisso que eu faço questão de continuar dizendo que este governo tem perspectivas e práticas típicas do nazismo. É porisso que faço questão de dizer que não há contradição entre a busca do lucro e perspectivas genocidárias. Elas sempre caminharam juntas.
É porisso que começo a deixar claro, desde o início, de que a ideologia deste governo flerta com o nazismo, tem bases sociais nazistas, se articula com perspectivas nazistas. É eugênica. E neste sentido genocidário. É só por isso.
Não tem nada com heroísmo, com vontade de dar certo. É egoísmo da minha parte. Eu só quero dizer para os meus netos aonde eu estive, quando tudo estava claro diante de nós. Eu vou fazer questão de dizer que eu estive do lado certo.
Que neste depoimento eu fico estarrecido, mas não surpreendido. Que escutando os testemunhos dados pela boca ( e de testemunhos a gente pode falar bastante) da advogada saíram quadros absolutamente assustadores, mas não surpreendentes. Esta é a minha parte egoísta. Eu não posso não falar. Eu não posso não gravar.
Eu preciso mostrar, amanhã, depois de amanhã, daqui a 30 anos, depois que eu morrer, o que eu fiz em vida. E tem a parte profissional, que eu tenho que contar. Que apesar de tudo estar claro, as pessoas se incomodavam com as acusações de nazismo e não com as práticas nazistas.
Mas isso eu não vou esperar 30 anos. Será em breve. Força e coragem dos que estão sempre do lado de cá. E os que estão do lado de lá, nunca é tarde, apesar de ser tarde.
Veja o vídeo no link abaixo:
https://m.youtube.com/watch?v=2zB6H7Ds01g&feature=youtu.be
Michel Gherman é historiador, professor da UFRJ, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da universidade e pesquisador do Centro de Estudos de Israel e Sionismo da Universidade Ben Gurion. É diretor acadêmico do Instituto Brasil-Israel.