Por Simão Zygband
Não é segredo para ninguém que este fenômeno é fruto do criminoso desmatamento da Amazônia, que ganhou proporções inimagináveis com a subida do governo genocida de extrema-direita de Jair Bolsonaro
No último domingo o país assistiu apavorado que em diversos municípios do interior do estado de São Paulo e de Minas Gerais ocorreram tempestades de areia. Algumas imagens mostraram até que, em algumas regiões, o acontecimento fez o dia praticamente virar noite.
Não é segredo para ninguém que este fenômeno é fruto do criminoso desmatamento da Amazônia, que ganhou proporções inimagináveis com a subida do governo genocida de extrema-direita de Jair Bolsonaro.
As tempestades de areia, que atingiram cidades paulistas como Presidente Prudente, Franca, Jales, Araçatuba e Barretos, além de atingir municípios de Minas Gerais que fazem divisa com São Paulo, são do tipo haboob, conforme explicaram os metereologistas.
Elas são formadas a partir de uma tempestade comum de chuva e vento. Nas tormentas tradicionais, o ar frio desce para o solo e se espalha depressa. Porém, quando isso se dá em regiões áridas ou semiáridas, como é o caso das cidades atingidas, o vento acaba levantando poeira, ocasionando a haboob.
Como já escrevi anteriormente, mas não custa escrever novamente, a floresta amazônica, devastada como nunca no governo do genocida, não é apenas considerada como o pulmão do mundo, mas é responsável pela “formação de gigantescos rios voadores, cursos de água invisíveis que se dispersam pela atmosfera em forma de chuvas por todo o continente sul-americano”.
Com o desmatamento descontrolado (e por que não dizer, incentivado), este sistema de chuvas está cada vez mais escasso. As secas estão se tornando uma cruel realidade em São Paulo. O trecho entre aspas deste texto consta do meu livro “Queimadas na Amazônia – uma aventura na selva”, lançado em 2020 e encontrado na Amazon. Em agosto, tivemos outro fenômeno macabro, uma “chuva de cinzas”, fruto da seca que provocou a queimada de uma reserva ambiental em São Paulo.
Sem nenhum trocadilho, estou “chovendo no molhado” há anos. Neste ritmo, São Paulo se transformará em um deserto apenas para que poucos latifundiários possam desmatar a Amazônia e criar gado onde antes havia uma floresta.
O país foi tomado, com Bolsonaro, por especuladores que não estão nem aí com o meio ambiente, com a população em geral, ou com a fauna e a flora. Só pensam em lucro e nos seus interesses mesquinhos e gananciosos. O governo da extrema-direita (eleito por eles), não põe freios na ambição desmedida.
O modelo dos empresários e especuladores que tomaram o poder, primeiro com o golpe na presidenta Dilma Rousseff e posteriormente elegendo Jair Bolsonaro, não interessa à maioria do povo brasileiro. O país cumpre a pauta determinada por esta minúscula minoria que se beneficia das tragédias que o Brasil enfrenta com o representante legítimo deles. Agora chegou a vez de eleger (ou reeleger) um nosso.
Mas 2022 está aí para a sociedade impor uma dura derrota aos especuladores.
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Ainda não li seu livro.
Em 2008 estudei a teoria do Capitalismo de Desastres de Naomi Klein.
Reproduzo Carta Maior
Criado pela jornalista e ativista canadense, Naomi Klein, o conceito de capitalismo de desastre revê questões relacionadas à obtenção de lucro em meio à calamidade. Segundo a professora do Instituto de Economia da Universidade do Rio de Janeiro, Vânia Cury, “essa exploração das situações de crise afetam as coletividades humanas, nos paralisa diante do medo, e nos torna impotentes diante da realidade”. Em conversa, por telefone, com a IHU On-Line, Vânia analisa o recente livro de Naomi Klein “A doutrina do choque: a Ascensão do Capitalismo de Desastre” e reflete sobre situações de conflito que permeiam a atualidade.
Segundo a professora, as pessoas já estão prontas para mudar em relação à situação do capitalismo atual e têm muita vontade de fazer isso. “A grande contribuição do livro de Naomi Klein, a meu ver, é exatamente essa. Embora ela faça um relato que pode nos parecer extremamente pessimista, dadas as condições que ela analisa o desenvolvimento do capitalismo, mostra também que há diversas formas de reação se esboçando no mundo. Elas são muito fragmentadas, estão desconectadas e espalhadas, mas há sim algumas iniciativas que vão sendo feitas no sentido de reunir essas forças e dar a elas uma consistência mais forte e mais integrada”, diz.
Vânia Maria Cury possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense, mestrado e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente, é professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro.