Construir Resistência
Fotos: Divulgação

O cineasta Spike Lee tira-nos do lugar de conforto

Por Beatriz Herkenhoff

Por que eu amo #SpikeLee como diretor, produtor, roteirista e ator? Porque ele sempre nos tira do lugar do conforto e do comodismo. Reproduz com maestria o cotidiano dos negros, latinos, orientais e mestiços nos Estados Unidos, possibilitando, através de seus filmes, a conscientização sobre os problemas sociais nesse país.

Caracteriza-se por ser provocativo e versátil ao abordar temáticas raciais. Denuncia permanentemente atitudes e ideias racistas que estão enraizadas na história da humanidade. Fez de sua carreira uma luta contra a intolerância racial.

Gostei muito de vários filmes seus, vou destacar dois que me marcaram sobremaneira: Infiltrado no Klan (2018) e Destacamento Blood (2020). Ambos na #Netflix.

#InfiltradonoKlan é baseado em fatos verídicos. Conta a história de Ron Stallworth, primeiro policial negro a se infiltrar na #KuKluxKlan.

É um filme que tem momentos engraçados e ao mesmo tempo é profundo e chocante. Coloca o dedo nas feridas do preconceito e das perseguições aos negros. O mundo real invade literalmente a ficção.

Apesar da história se passar nos anos 1970, faz denúncias atuais, como a divulgação de fakenews e o crescimento de movimentos neo-nazistas nos Estados Unidos e no mundo.

“Lee mostra que grande parte da sociedade não se interessa por direitos civis e igualdade de raça e gênero, porque não consegue enxergar um problema quando não o sentem na própria pele” (crítica do site Omelete).

Amei também #DestacamentoBlood. O mesmo desnuda a insanidade da #GuerradoVietnã e suas consequências. Denuncia o racismo e o preconceito em relação aos negros.

Mostra que a maioria dos jovens enviados pelos Estados Unidos para a guerra do Vietnã era negro. É um filme dinâmico e movimentado.

Quatro veteranos de guerra voltam anos depois ao Vietnã. Estão em busca dos restos mortais de seu comandante e de um tesouro que enterraram. Essa trama envolve fidelidade, amizade, cumplicidade, conflitos familiares, resgate de histórias deixadas para trás, afeto, sentimentos de culpa, mágoas, surtos persecutórios, traições, entre outros.

O ouro desequilibra o grupo, gera ganância e exacerba o individualismo. Paralelamente, Spike retrata manifestações atuais de movimentos negros que denunciam o desrespeito aos direitos humanos e o número significativo de negros mortos por policiais.

Vale a pena conferir.

Fotos: Divulgação

Beatriz Herkenhoff é doutora em serviço social pela PUC São Paulo. Professora aposentada da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Cinéfila.

 

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