Governo Lula prepara um pacote de maldades contra o povo?

Por Simão Zygband – editor do site Construir Resistência 

Comentei internamente no grupo de whatsaap do site Construir Resistência, que possui mais de 200 participantes, que achava um exagero dizer que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia implementar um pacote de maldades contra o povo trabalhador ao realizar o chamado Ajuste Fiscal ou a reforma tributária.

Pela teoria de jornalistas e pensadores de parte da esquerda, sobretudo do PSOL, ele seria lesivo aos trabalhadores e beneficiaria os banqueiros e grandes empresários, também conhecidos como Faria Limers, ou os engravatados da Faria Lima, uma avenida onde se concentram os escritórios de alguns dos poderosos grupos empresariais.

O certo, na verdade, é que eles deveriam ser chamados de Berriners, talvez hoje a avenida paulistana que concentre a nata dos endinheirados de São Paulo, ou os que trabalham na elegante região da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul da capital.

Bem, questão geográfica à parte, é importante situar o estremecimento que passou a existir com mais vigor após a previsível derrota de Guilherme Boulos na disputa da prefeitura de São Paulo entre as posições do governo liderado pelo PT do presidente Lula e a tendência mais crítica do PSOL, partido que tem ministérios no governo petista, assim como o PSB de Geraldo Alckmin, a Rede de Marina Silva, o PCdoB de Luciana Santos e outros ainda mais à direita como o PSD, PP, União Brasil e MDB.

O governo de coalização, resultado da Frente Ampla que derrotou o bolsonarismo, exige do próprio Lula e do ministro da Economia, Fernando Haddad, um malabarismo, uma costura que somente alguém com o carisma e a densidade do presidente poderia realizar. Eles são pressionados tanto à direita, pelos deputados dos banqueiros, do agronegócio e dos grandes empresários como pela esquerda, sobretudo o PSOL, que votou contra pautas como o arcabouço fiscal, que impunha um teto aos investimentos públicos.

Há menos de um mês, a executiva do PSOL lançou uma nota criticando o “pacote de maldades” de Lula:

“Nas últimas semanas, a pressão do mercado financeiro sobre o governo aumentou exponencialmente.

Diante das incertezas na economia mundial, os porta-vozes do capital financeiro ocuparam a imprensa para defender cortes nas políticas sociais, especialmente a vinculação do salário-mínimo e dos benefícios sociais ao crescimento econômico, bem como os recursos constitucionais da saúde e da educação, assim como já iniciam a pressão por uma reforma administrativa.

Essas medidas, além de um retrocesso, representam a interdição do programa de reconstrução nacional eleito nas urnas em 2022 e a retomada da agenda dos setores derrotados”.

A nota assume ainda ares catastrofistas: “Cortar gastos sociais tem um duplo efeito: por um lado, pode mergulhar o país na recessão, com a diminuição do consumo das famílias, aumento da pobreza e da desigualdade; por outro, pode minar o apoio popular ao governo Lula, pavimentando o caminho para o retorno da extrema direita ao poder.
Por isso, como parte da coalizão vitoriosa na última eleição presidencial, o PSOL rejeita qualquer medida que preveja cortes de direitos”.
Não é preciso dizer que o Brasil deixado por Jair Bolsonaro foi de terra arrasada. A globalização também pressiona as finanças brasileiras, com os especuladores manejando a alta e a baixa do dólar, retirando do país reservas que elevam a moeda norte-americana, causando evidente impacto na economia brasileira, muito ainda baseada em commodities (produtos primários, minerais ou agrícolas).
Além de apresentar agora problemas de saúde (que não deve servir para nenhum pretexto), Lula tem que enfrentar, sem trocadilhos, este quebra-cabeças.
Ele tem sido valente e para tentar equacionar este difícil jogo de xadrez, colocou até em risco a sua integridade física, trabalhando intensamente quando deveria repousar.
É evidente que o PSOL e os críticos do ajuste fiscal não deixam de ter razão em parte dos seus apontamentos.
Mas não seria o caso de, neste momento tão delicado, de recuar em sua intransigência e não comparar o ministro Fernando Haddad com o especulador das off-shores, Paulo Guedes, operador do bolsonarismo, como chegou a fazer o jornalista Mauro Lopes, uma das vozes mais críticas da esquerda ao governo Lula?
É momento de maneirar na quantidade de críticas, não ajudando a solapar juntamente com a extrema direita o Lula como foi feito, pelos mesmos atores, ao governo deposto da presidenta Dilma Rousseff, atacado tanto à direita como à esquerda.
É hora de dar um passo atrás para dar dois à frente, como dizia o revolucionário Vladimir Ilyich Lenin.

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