Golpistas na hora da verdade

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Por Paulo Moreira Leite – Colunista e comentarista na TV 247

Investigação sobre golpistas das Forças Armadas revela uma teia de conspiradores e joga luzes sobre um plano para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre Moraes

A leitura da denúncia do PGR Paulo Gonet contém uma excelente notícia para um país à espera de um ajuste de contas com a herança produzida pela Operação Lava Jato, num julgamento aguardado como indispensável capítulo final num episódio que marca a formação do próprio Estado Democrático de Direito no país.

Com reconhecida formação jurídica, clareza para expor argumentos e honestidade intelectual para examinar teses jurídicas, o católico e conservador Paulo Gonet assina um trabalho de quase 300 páginas, num texto simples e direto, essencialmente informativo e disponível nas redes sociais.

Longe do universo impenetrável dos textos que confundem erudição com pedantismo, ali é possível compreender um episódio até hoje pouco estudado da luta política em curso num país no qual os direitos e garantias democráticos foram tomados de assalto por uma articulação de profissionais do Direito, inclusive juízes togados e advogados com escritórios para lá de luxuosos, além de comandantes militares de vergonhosa formação golpista, que se supunha enterrada junto com os esqueletos do regime de 64.

Mobilizando uma típica operação ilusionista, na qual se contrabandeavam fabulações de cunho moralizante destinadas a encarcerar adversários políticos e sabotar projetos de interesse da maioria de brasileiros e brasileiras, confirma-se no documento que a Lava Jato não foi uma tragédia que caiu do céu mas uma operação com interesses claros, práticas inaceitáveis e objetivos vergonhosos.

Também se descreve, ali, ensaios e maquinações golpistas que, traindo a formação do povo brasileiro e o próprio regimento das Forças Armadas, chegaram a um momento de rebaixamento moral e impensável indignidade.

Como se verá pela leitura do documento, há um episódio que ilustra como parte de um macabro projeto de golpe de Estado programou-se ao ambiente de barbárie em torno das articulações golpistas.

Como está registrado oficialmente, a documentação revela a existência de um plano de execução, a sangue-frio, de grandes personalidades políticas que honraram a democracia brasileira e as lutas do povo brasileiro.

Com o nome de operação “ Punhal Verde Amarelo”, a investigação descobriu uma ideia macabra, a ser aplicada no caso em que tudo desse errado e, paras infelicidade geral dos golpistas, Lula conseguisse derrotar Bolsonaro em 2002 e garantir um novo mandato presidencial, como de fato aconteceu.

Neste caso, os golpistas deveriam aguardar pela diplomação do candidato no TSE até que, 3 dias depois, seria lançado uml plano para deixar a nação em estado de choque – o assassinato simultaneo de Lula, Geraldo Alckmin e de Alexandre Moraes, na época presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Para quem ainda não recuperou o fôlego depois dessa informação, é bom saber que, nos dias seguintes, quatro militares e um policial federal chegaram a ser presos por envolvimento nos planos.

Dois anos depois, o país inteiro quer saber o que se descobriu na época – e o que faltou apurar desde então.

Alguma dúvida?

 

 

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