Genocídio Yanomamis atinge núcleo duro do bolsonarismo

Por Cesar Benjamin 

Toda atenção é pouca para o que se passou nos últimos anos nas terras dos ianomâmis. Não só pela tragédia humanitária em curso, que precisa ser controlada no menor tempo possível. Refiro-me a outro aspecto da questão.

Esse território é riquíssimo em ouro, diamantes e outros minérios preciosos. Instalou-se ali uma megacentral criminosa que reúne a nata do bolsonarismo: militares corruptos nomeados para a Funai, pastores pentecostais, facções criminosas, como o PCC, contrabandistas de todos os tipos, conexões internacionais, tudo junto e misturado no comando de 20 mil garimpeiros ilegais, uma verdadeira infantaria de selva.

O GSI, comandado por Augusto Heleno, sempre esteve presente. É o único caso que conheço em que um general de Exército compartilha o mesmo projeto com o crime organizado.

Já saiu a notícia de que o governo Bolsonaro repassou cerca de R$ 900 milhões para uma ONG pentecostal que fretava aviões para levar garimpeiros para lá. Eles assumiram o controle de todos os aeroportos da região. O então presidente esteve lá, pessoalmente.

Tudo financiado com ouro extraído ilegalmente do território brasileiro. Muito ouro, cujos destino se desconhece.

O extermínio do povo ianomâmi, em curso, era condição para o pleno controle dessa área por um estado paralelo que ainda busca consolidar seu controle territorial em uma área de fronteira tríplice ultrassensível. É um caso típico de segurança nacional no mais alto grau.

O que sabemos até hoje é a ponta do iceberg. Se o esquema instalado nas terras dos ianomâmis e adjacentes for completamente desvendado, cai o núcleo duro do bolsonarismo.

Enquanto isso acontecia, as Forças Armadas estavam ocupadas com as urnas eletrônicas.

César Benjamin é cientista político, editor e político brasileiro. Foi preso e exilado político.

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