Chaplin

Por Sandro Villar
O Espadachim, um cronista que brinca em serviço.
Quando era menino, Charles Spencer Chaplin tinha medo de passar privações, incluindo aí o medo da fome. Depois que o pai se separou da mãe – ou teria abandonado a família por causa do alcoolismo -, a situação da família se complicou ainda mais. Chaplin, o irmão e a mãe não tinham o que comer.
 O garoto Chaplin saía pelas ruas do bairro onde morava em Londres à procura de comida. A fome era tanta que ele recolhia restos de comida das lixeiras. Durante algum tempo assim foi a infância de Chaplin no começo do século passado. Maior pindaíba e a gente reclama de barriga cheia.
 Se vivo fosse – frase inédita que acabei de criar -, Chaplin teria completado 128 anos no último dia 16 e, por isso, ele está sendo homenageado. Alguns críticos o consideram o maior artista do cinema e também acham que ele é um dos pais da chamada Sétima Arte, junto com os irmãos Lumière e D.W. Griffith, o diretor de Intolerância e O Nascimento de Uma Nação.
 Com Carlitos, Chaplin foi o artista mais popular do mundo na década de 20, quando produziu O Garoto (1921), Em Busca do Ouro (1925) e O Circo (1928). Na década seguinte, fez Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos (1936), sendo que neste último Carlitos apareceu pela última vez no cinema, embora o barbeiro judeu de O Grande Ditador (1940) também lembre o personagem.
 O final, o famoso The End,  de Tempos Modernos é talvez o mais bonito do cinema. Carlitos encoraja a mulher, triste com as adversidades, e pede a ela que coloque um sorriso nos lábios. E o casal caminha por uma estrada ao som de Smile.
 Um cientista ilustre estava na estreia de Luzes da Cidade: era Albert Einstein. Isso dá uma ideia da importância de Chaplin, um artista que tinha lado: ele arriscou o pescoço por causa de suas posições sociais e políticas. Por isso, foi perseguido pelo FBI de forma implacável. O governo americano achava que ele era comunista. Chaplin foi morar na Suiça.
 Durante a década de 40, Chaplin, com Carlitos aposentado, produziu Monsieur Verdoux(1946), uma versão sobre a lenda do Barba Azul, que matava mulheres ricas para ficar com a grana. Na década seguinte, mais dois sucessos: Luzes da Ribalta (1952) e Um Rei em Nova York (1957).
 O cômico Buster Keaton contracena com Chaplin em Luzes da Ribalta, cuja música, Limelight, ficou famosa e teve versões mundo afora. Chaplin compôs a canção. A perseguição sofrida nos EUA é abordada com ironia em Um Rei em Nova York. Ele considerava Em Busca do Ouro o seu filme favorito. Um dos destaques desse filme é a dança dos pãezinhos, uma ideia sensacional. Simples e funcional. Coisa de gênio.
Ainda sobre o Chaplin compositor, a canção Smile, do filme Tempos Modernos, foi gravada por dezenas de cantores, incluindo Michael Jackson, orquestras etc.  É talvez a música mais otimista do mundo ao lado de Imagine, de John Lennon, e What a Wonderful World, sucesso de Louis Armstrong. “Não vale a pena chorar, sorria mesmo com o seu coração partido”, diz um trecho da letra de Smile.
 Chaplin era um mulherengo de carteirinha. Não podia ver rabo de saia, com preferência pelas Lolitas, e se gabava do tamanho, digamos, do seu “aparelho reprodutor”. “É a oitava maravilha do mundo”, dizia, referindo-se ao tamanho avantajado do bilau, enfim, do “pé de mesa”.
 Se alguém merece o epíteto de artista completo, esse alguém é Charles Chaplin. No dia do seu aniversário, centenas de suiços se vestiram de Carlitos para homenageá-lo. Mais do que merecido.
DROPS DO CHAPLIN
A persistência é o caminho do êxito.
A vida é maravilhosa quando não se tem medo dela.
Necessitamos mais de humildade que de máquinas.
O som aniquila a grande beleza do silêncio.
Haverá sempre esperança para quem não se envergonha de seus erros.

Sandro Villar é jornalista e radialista;  autor do livro “As 100 Melhores Crônicas de Humor de SV”

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