Por Sérgio Leopoldo Rodrigues
A cena se repete a exaustão: fardados tomam um espaço urbano e chegam atirando. Um jovem de 17 anos é morto com um tiro no peito, jogado num valão (a beira de um riacho putrefato) e deixado lá “como um animal”, diz a mãe, depois de moradores resgatarem o corpo!
Esse corpo como outros tem nome: Cauã dos Santos, 17 anos, morador da zona norte do Rio (poderia ser da periferia de SP, BH, PÁ, Salvador…) onde há um conflito deflagrado entre polícias, milicianos, traficantes contra civis desarmados há séculos.
A cena me lembrou a guerra e claro a do momento na Ucrânia; Bucha e Donbas. A mídia fez seu papel deu a notícia, dará outra amanhã e depois e depois, mas não mostrou a cena (imagino) terrível do corpo desse e de outros meninos, todos pobres e quase todos pretos, jogados nas ruas como de fato ficam em todo o país conflagrado como o nosso.
Talvez fosse o caso dessas famílias ameaçadas e desamparadas pegarem suas malas, tomarem o trem lotado de todos os dias da perifa, e desembarcarem nos bairros ricos como Jardim Europa, América, Leblon, Ipanema… – onde policiais e milicianos não matam – para serem recebidos com a mesma solidariedade que Polônia, França, Alemanha etc receberam os refugiados da Ucrânia em guerra, pelos moradores locais contando é claro com a ajuda do Estado para moradia, alimentação e empregos?
Mostrei esse texto a um amigo e ele respondeu: “uma coisa não justifica outra”. Sem duvida, mas explica e mostra muito quem somos nós!
Sérgio Leopoldo Rodrigues é jornalista com passagens pela Rádio Eldorado, Jornal da Tarde e Gazeta Mercantil
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Desnecessário citar Bucha e Donbas. É muito diferente a guerra de lá e a daqui. Alem disso, quando lá terminar, aqui vai continuar.
Desnecessário citar Bucha e Donbas. É muito diferente a guerra de lá e a daqui. Alem disso, quando lá terminar, aqui vai continuar.