Por Simão Zygband
O candidato da centro-esquerda, Guilherme Boulos, da Coligação PT/ PSOL /REDE/PC do B/PV/PDT terá uma missão quase impossível, senão totalmente, para derrotar o seu oponente no segundo turno, o já prefeito Ricardo Nunes.
O atual mandatário é pior que um picolé de chuchu: é uma rapina que não engana ninguém, contra quem pipocam série de denúncias de favorecimentos de padrinhos, amigos e parentes com o nosso dinheiro público.
Não conta, evidentemente, com a simpatia de ninguém. Mesmo com a máquina na mão, ficou pouco mais de 25 mil votos na frente de Guilherme Boulos, que mal enche um único bairro em São Paulo.
Graças a ele, ao vácuo gerado pela sua insignificância, apareceu como um cogumelo nascido no esterco do gado, o paraquedista Pablo Marçal, figura psicótica, truculenta, que se julga acima do bem e do mal.
Um verdadeiro jagunço de Goiás. A imagem restaurada de Jair Bolsonaro, tão desequilibrado quanto, porém mais inteligente (para não dizer, astuto).
Nas eleições presidenciais na cidade de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve 3.677.921 votos, o que correspondeu a 53,54% dos votos válidos. Já Jair Bolsonaro obteve 3.191.484 votos, ou 46,46% . Uma diferença maior do que a proporção obtida em nível nacional (50,83% contra 49,17%).
Bom. Para ganhar de seu oponente, Guilherme Boulos teria que conquistar ao menos quase que a totalidade dos votos obtidos por Lula na cidade de São Paulo em 2022.
Só esta matemática já seria um enorme desafio, já que a jovem liderança de Boulos, que pese ter sido o deputado federal mais votado na cidade, ainda não possui um carisma da dimensão do presidente. Talvez algum dia o tenha, mas não é agora.
Boulos precisará, óbvio, de próximo a um milagre para que os moradores de São Paulo não engulam, como parecem querer fazer, um sapo tóxico como Ricardo Nunes.
Ele, ao contrário de prefeitos das capitais de outros estados, nem de longe passou perto de poder ganhar as eleições no primeiro turno, como ocorreu no Rio de Janeiro com Eduardo Paes ou Recife com João Campos. Ele não engana ninguém. Todos sabem que ele é um espertalhão.
Nesse começo de segundo turno, o staff de campanha de Boulos parece que sentiu o golpe que, convenhamos, não era tão imprevisível assim.
Por enquanto, distribui fortuitamente materiais (vídeos) dirigidos, por exemplo, a motoristas de Uber e motociclistas ou entregadores de Ifood, apresentando propostas, que sequer estão chegando neles. Não se faz campanha em rede social hoje em dia sem que se tenha o mailing (número de whatsapp, email ou Instagran) de todos segmentos.
Espero que a coordenação, ae não tenha isso em mãos ainda, que a providencie o mais rápido possível, ainda que tardiamente.
Guilherme Boulos precisará, se nada mudar, fazer como o seu time de coração, o Corinthians: um gol aos 48 minutos, no apagar das luzes.
Sempre existe esta possibilidade. Vincular mais Ricardo Nunes a Bolsonaro. Bater na linha da cintura para o deixar mais vulnerável no fatídico debate final da Globo. Talvez até neste Ricardo Nunes não vá, como fez na CBN. Só o andamento da campanha dirá.
A esperança é a última que morre.
Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência e produtor de campanhas eleitorais, algumas vitoriosas