Por Ângela Bueno
…o encantamento nos salva dos desilusões da vida.
Um lindo diálogo poético do menino com seu avô sobre os mistérios da vida. Sobre a necessidade de procurar sempre.
De estar aberto a aprender. De adivinhar.
Tudo isso recheado de brincadeiras, afetos e abraços como prêmio.
Com seu avô o menino aprendeu muitas coisas importantes sobre a vida.
O avô lhe dizia que só se pode viver encantado. Que é o encantamento que nos salva dos desilusões da vida. Que se deve aprender a colocar suas questões, que isso não é fácil.
E brincavam de inventar perguntas para buscar respostas.
E o menino foi aprendendo sobre a vida e a morte. Que nossos mortos queridos são patrimônios afetivos que guardamos dentro de nós.
Com esse avô o menino aprendeu que o dinheiro tem valor de troca por muitas coisas. Mas tem coisas importantes que são de graça.
Que as coisas mais belas do mundo são o amor, a amizade, a honestidade e a generosidade, o ser fiel, educado e ter respeito pela outra pessoa. O caráter e a personalidade da pessoa.
Para mudar o mundo é preciso sonhar acordado.
Aos dez anos seu avô precisou morrer e o menino chorou a ausência do avô, mas sabia que havia uma felicidade até para os tempos difíceis. Que continuaria buscando, ainda que se sentisse desabrigado fora do abraço de seu avô.
Desse avô que se incluía entre as mais belas coisas do mundo. Que ele iria se sentir abraçado pelo avô sempre que sentisse amor.
Adoro essa história. Volto a ela sempre e sempre.
Talvez para procurar a beleza da vida e para não parar de me encantar com as coisas gratuitas que a vida nos oferece.
Talvez até para ser menos ranzinza e exigente comigo mesma e com os outros que me cercam.
Talvez porque seja necessário reafirmar sempre quais os valores fundamentais da vida.
São tantos os motivos que me fazem voltar a essa história porque acho que esse pequeno livro é a celebração do sentido da vida. E olha que sempre que o leio abro o bué pois a beleza também me emociona!
O meu avô me sempre dizia que a melhor coisa da vida haveria de ser um mistério e que o importante era seguir procurando. Estar vivo é procurar, explicava.
Serviço:
As mais belas coisas do mundo
Autor: Valter Hugo Mãe
Ed: Biblioteca Azul, 2019
Ângela F.V.Bueno é psicanalista e ceramista. Nas décadas de 70- 80 trabalhou na Caritas Arquidiocesana de Vitória. Trabalhou também na Secretaria de Estado da Saúde- ES, contribuindo para a implantação do SUS em seu estado. É professora aposentada do departamento de Serviço Social da UFES. É mestre em Teoria e Clínica Psicanalítica pela UERJ.