A Comunicação de Lula precisa aprender com os “inimigos”

Por Simão Zygband

A Comunicação é um setor estratégico de qualquer governo, mas muitas vezes não recebe o devido respeito.

Ela deve ter aporte de recursos e estas verbas devem ser bem empregadas para não se jogar dinheiro do contribuinte fora.

Com as novas mídias, não é tão simples definir o perfil do gestor desta máquina que proporciona visibilidade ao governo.

O PT, que no início de sua existência nos anos 80 tinha no falecido publicitário Carlito Maia um celeiro de ideias e de de acertos de enfoque, foi perdendo a mão e para vencer as eleições, tornou-se um “Lula dependente”.

O Brasil conseguiu se livrar do bolsonarismo muito mais pelo carisma do atual presidente do que propriamente por uma estratégia mais empolgante de marketing político.

Lula, que nas eleições de 2022 havia derrotado Bolsonaro no primeiro turno por uma diferença de 6 milhões de votos, viu esta distância cair para apenas 2 milhões no segundo.

Colocou a vitória em risco.

Claro que esta perda de 4 milhões de votos de um turno para o outro não pode ser creditada apenas em uma “fraquejada” de marketing ou da estratégia política, mas teve evidentemente uma grande responsabilidade.

Como já chegou a constatar o próprio presidente, o governo mantém ainda seu caráter analógico, enquanto o mundo gira em ritmo digital.

Óbvio que muitos esforços foram realizados na gestão Paulo Pimenta.

Mas eles não foram suficientes para alavancar a popularidade de Lula, que possui muitos trabalhos a serem mostrados, mas que não atingem o grosso da população.

Ela prefere se fiar ainda nos videozinhos de fake news disparados pela forte militância bolsonarista no setor do que nas boas intenções do governo.

Chama-me atenção como jornalista e comunicador, como a propaganda anti-lulista entra com força nos celulares do cidadão dos locais mais remotos do Brasil, mas que o bom trabalho executado pelo governo Lula não alcança tamanha intensidade.

Paulo Pimenta, o ex-ministro da Secom, é jornalista, elegeu-se várias vezes deputado federal pelo Rio Grande do Sul, mas aparentemente não tinha o jogo de cintura para tocar esta máquina que, necessariamente, precisa ser mais estudada nos dias de hoje para não “rodar” de maneira analógica.

Faltou ao governo e não somente ao ex-chefe da Comunicação ter a humildade de reconhecer que os inimigos são melhores que a esquerda neste segmento.

Sobrou arrogância, inexperiência e faltou investimentos.

O governo do presidente Lula precisa descer do pedestal e estudar os ensinamentos que a extrema direita com Elon Musk, Mark Zuckerberg, Steve Bennon tém a ensinar. Eles são melhores que nós nisso.

Ainda mais com a vitória do troglodita Donald Trump que deverá bancar esta quadrilha cibernética contra os não alinhados, inclusive (e principalmente) o Brasil.

Para encarar estes bandoleiros virtuais, tenho a impressão que o governo do presidente Lula precisará investir mais neste setor, que deixou a desejar durante a gestão de Paulo Pimenta.

Ele não conseguiu arregimentar quadros que tivessem a humildade de reconhecer que os inimigos precisam ser estudados para que a narrativa governamental atinja a totalidade dos brasileiros e não somente aqueles simpáticos ao Lula.

O novo ministro da Secom, o publicitário Sidônio Palmeira terá assim uma árdua tarefa pela frente.

Possivelmente mais versátil que Paulo Pimenta, até pela sua formação, deverá estar mais atento não somente à arte de fazer belas e emocionais peças de campanha do governo (como é característico de marqueteiros como ele).

Mas procurar entender como furar esta bolha intransponível até então do pensamento médio do brasileiro, hoje muito mais conservador e afeito a mensagens do empreendedor do que o do trabalhador solidário.

É como diz o experiente jornalista Ricardo Kotscho, que foi secretário de Imprensa e Divulgação do primeiro governo Lula:

“O Sidônio é muito experiente, mas é preciso ver se ele tem a paciência para aguentar a burocracia da Secom. Essa é a área do governo que todo mundo acha que entende. A começar pelo próprio presidente”.

A conferir!

Foto de capa: Lula e o publicitário Sidônio Palmeira, novo ministro da Secom

Simão Zygband é jornalista e editor do site Construir Resistência

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