Por Renata Corrêa
Matinadas alargam os braços
Em generosos regozijos
E desabrocham festejos,
Indóceis coloridos…
Revoadas de maritacas indecentes,
Canto bandoleiro estridente,
Soprana anunciação
De seus clarins pungentes:
– Abram-se todas as gaiolas,
Janelas, peitos, portinholas
E as trancas desses tempos transidos,
Baços, dolentes, cegantes…
Arquejam à nossa frente,
Prefaciando o dia chegante,
Pulsos em amarelos-nascentes!
Teimosa querência passarinha,
Andarilha por natureza ventania,
Dobra as esquinas do céu,
Faz das pontes de zinco quente
Sopro, Cais, Travessia, Presente…
Pousa liberdade em amavios sonoros
Quando tudo a faísca irradia
Gozozos transpirantes pelos poros
Da nossa cama de amarar poesia…
Amemos, pois, em desejos solares,
Voemos na contradança…
Após toda tempestade
Vem a boa andança!
De pés na areia e asas aos pares
A galopes dos orgasmos
Sempre tão venais,
À boca dos tímpanos de ouvidos alheios,
Gritemos nossos nomes
E as singularidades dos nossos plurais!
O mundo é corpo largo
Fora dos mistérios dos quintais…
A manhã florifica amar-elo-ouro,
Distante de qualquer porto fugaz,
Faz da imensidão que arrisca ser
Lume, Agora, Prazer,
Todo, Tudo
E nada mais…
Renata Corrêa é professora, mestre em educação e poeta. Uma das organizadoras do Coletivo de Mulheres Poetas de Niterói e do Sarau Horto Canto do Poeta. E parte do Coletivo feminista de arte e poesia, Vozes Escarlates.