Por Arthur Stabile, Poliana Casemiro e Victor Farias, G1
Políticos estão presos no Distrito Federal depois de terem participado do ataque terrorista a Brasília em 8 de janeiro. Odete Enfermeira é parlamentar na cidade de Bom Jesus (SC) e demais presos são de oito estados.
Políticos presos em Brasília após ato golpista de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — Foto: Reprodução/arte g1
Uma vereadora e 14 políticos suplentes nas eleições de 2020 ou 2022 estão entre o grupo de presos no Distrito Federal pelo ataque terrorista praticado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 8 de janeiro, um grupo de golpistas invadiu a Praça do Três Poderes e atacou as sedes do Legislativo, Executivo e Judiciário nacional para derrubar o governo eleito.
A vereadora Odete Correa de Oliveira Paliano, a Odete Enfermeira (PL), possui mandato em Bom Jesus, no Oeste de Santa Catarina. Os outros políticos estão na linha sucessória para ocupar os cargos de vereador (11), deputado estadual (2) e deputado federal (1).
Os candidatos a deputado (federal e estadual) são suplentes até 2026, data da próxima eleição para o cargo. Já os suplentes de vereador seguem suplentes até 2024, disputa da eleição municipal seguinte.
Os estados com políticos presos são MG (3); MT, PR, RS, SC e SP (2); ES e RO (1).
Os presos são suspeitos de praticarem os crimes de golpe de Estado, ato terrorista, associação criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito, ameaça, perseguição, incitação ao crime e dano ao patrimônio público.
Odete Correa de Oliveira Paliano, a Odete Enfermeira – PL (SC)
Eleita suplente de vereadora na eleição de 2020 em Bom Jesus, Santa Catarina, pelo PL (partido do ex-presidente Jair Bolsonaro). Assumiu mandato em 1º de janeiro de 2021. É a única representante mulher entre os nove parlamentares da Câmara Municipal e concorreu a deputada estadual no ano passado, sem sucesso. Se autodeclarou parda ao TSE em 2022, mas se autodeclarou branca em 2020.
O g1 aguarda posicionamento do PL-SC.
Gennaro Vela Neto – PL (PR)
Concorreu a deputado federal em 2022 e foi eleito suplente pelo PL. Natural de Curitiba, o empresário tem 43 anos e se define cientista político “com visão holística e sustentável”. Obteve 640 votos. Se autodeclarou pardo ao TSE.
Ao g1, o presidente do PL-PR, Fernando Giacobo afirmou que recebeu a notícia da prisão de Gennaro no domingo (15) e que o caso será repassado ao diretório estadual do partido, que “vai analisar se instaura ou não um processo disciplinar”.
Maria Elena Lourenço Passos – PL (ES)
Outra integrante do PL, disputou a eleição de deputada estadual pelo Espírito Santo. Com 558 votos, foi eleita suplente. Se autodeclarou parda ao TSE.
g1 aguarda posicionamento do PL-ES
Thiago Queiroz, o Dr. Thiago – PL (MG)
Disputou sua segunda eleição em 2022 e obteve a suplência como deputado estadual por Minas Gerais com 632 votos. Não declarou bens ao TSE e se identifica como branco.
O g1 aguarda posicionamento do PL-MG.
Ana Paula Neubaner Rodrigues – Patriota (MG)
Disputou a eleição municipal para o cargo de vereadora em Ipatinga, em 2020. Com 17 votos, foi eleita suplente. Em sua candidatura ao TSE, se autodeclarou parda.
Ao g1, o presidente estadual do Patriotas, Hercúles Marques, afirmou que o partido “ainda não tomou conhecimento dos filiados do partido envolvidos nos atos antidemocráticos” e que “o Patriotas se posiciona contra qualquer ato desta natureza e considera grave a situação”. Segundo Marques, o partido “deve optar pela expulsão do filiado” se comprovada a participação em atos golpistas.
Carlos Ibraim Gomes, o Sargento Carlos Ibraim – PTB (MG)
Foi eleito como suplente para vereador na cidade de Doresópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais, nas eleições de 2020. Recebeu 3 votos. Se autodeclarou branco ao TSE.
Ao g1, o PTB-MG afirmou que há um processo no Conselho de Ética e Disciplina Partidária, ao qual o acusado terá “direito a ampla defesa e ao contraditório” e que “que não compactua e repudia veementemente com atos de depredação e vandalismo contra o patrimônio público”.
João Batista Benevides da Rocha – PSL (MT)
Disputou a eleição municipal de 2020 em Cuiabá, capital do Mato Grosso, pelo partido que o presidente Jair Bolsonaro venceu a eleição presidencial de 2018. Recebeu 48 votos. Se autodeclarou ao TSE como pardo.
O g1 aguarda posicionamento do União Brasil (partido formado pela fusão do PSL com o DEM) do Mato Grosso.
Maria de Fátima Almeida Barros, a Fatiminha – MDB (MT)
Em 2020, foi eleita vereadora suplente na cidade de Nova Ubiratã, região central do Mato Grosso. Recebeu 16 votos e se autodeclarou branca.
O g1 aguarda posicionamento do MDB-MT.
Ademar Bento Mariano, o Soldado Bento – PTB (PR)
Terceiro candidato mais votado do PTB em 2020, foi eleito primeiro suplente para vereador em Querência do Norte, na divisa do Paraná com Mato Grosso do Sul. Obteve 202 votos e, para a Justiça Eleitoral, se autodeclarou pardo.
Ademar é Policial Militar aposentado desde 2016. Em nota, a instituição afirmou que está ciente de sua prisão, que aguarda documento da PF para “para avaliar a situação” e que “não compactua com o desvio de conduta de quaisquer de seus integrantes e adotará todas as medidas cabíveis ao caso”.
O g1 aguarda posicionamento do PTB-PR.
Paulo José Maria, Paulo da Caçamba (PSB-RO)
Com 163 votos recebidos em 2020, acabou eleito suplente de vereador em Jaru, região central de Rondônia. Se autodeclarou preto ao TSE.
O g1 aguarda posicionamento do PSB-RO.
Alice Terezinha Costa da Costa – DEM (RS)
Eleita na lista de suplentes para vereador em São Martinho da Serra, em 2020. Recebeu 38 votos. À Justiça Eleitoral, se classificou como branca.
Ao g1, o União Brasil (partido fruto da fusão entre DEM e PSL) afirmou que a suplente será “liminarmente expulsa do partido” caso comprovada sua participação nos ataques de 8 de janeiro.
Gilson da Silva Mattos – MDB (RS)
Disputou a eleição municipal de 2020 em Caseiros, norte do Rio Grande do Sul. Obteve 28 votos. Autodeclarou-se pardo ao TSE.
O g1 aguarda posicionamento do MDB-RS.
Fabiano da Silva – PSL (SC)
Concorreu à vereador pelo partido anterior de Jair Bolsonaro na cidade de Itajaí, litoral norte de Santa Catarina. Recebeu 215 votos em 2020, quando se autodeclarou branco.
O g1 aguarda posicionamento do União Brasil (partido formado pela fusão do PSL com o DEM) de Santa Catarina.
Edimar Aparecido Martins Escanhoela – PV (SP)
Candidato em 2020 a vereador em Birigui, oeste de São Paulo, recebeu 263 votos e foi eleito vereador suplente. Em sua candidatura, se identificou como branco.
O g1 aguarda posicionamento do PV-SP.
Henrique Fernandes de Oliveira, o Sargento Fernandes – MDB (SP)
Disputou a eleição de 2020 em Nuporanga, na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Nono mais votado de seu partido, obteve o cargo de suplente com 50 votos. Político se autodeclarou como branco ao tribunal eleitoral.
Ao G1, o MDB-SP afirmou que o Sargento Fernandes é sexto suplente e que “nunca exerceu atividade ou teve cargo de dirigente do partido. O diretório municipal da sigla afirma que vai apurar os fatos, “que poderão resultar em expulsão”.
Matéria publicada originalmente no link abaixo do G1