Construir Resistência
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Vacinas: CoronaVac é mais segura que AstraZeneca?

Por Simão Zygband

A falta de vacinação em massa contra a Covid-19 em curto período de tempo, obra da incompetência do desgoverno do capitão reformado, tem criado fantasmas paralelos que precisam ser esclarecidos e são prejudiciais ao conjunto da população. O mais importante, entretanto, é que todas as vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil, seja CoronaVac ou AstraZeneca são seguras. Não se deve temer nenhuma delas.

Não me lembro de nenhuma vacinação a que fui submetido de questionar a eficácia ou a segurança de um imunizante. Fosse contra tuberculose, difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, influenza (gripe) ou Hepatite A. Acho que nunca ninguém perguntou qual a procedência delas, quem a fabricou etc. O povo ia no posto e se vacinava e pronto.

Mas sob o desgoverno do capitão, todos os fantasmas rondam as medidas de prevenção e também de medicamentos e vacinação. A desinformação, na verdade, tem sido a grande responsável pelo número calamitoso de mortes por coronavírus, cerca de 370 mil óbitos, algo em torno de 2,8 mil por dia.

Já não bastasse o ritmo da vacinação ser realizado a passo lentíssimo, no meio dela surge uma falsa polêmica: a CoronaVac é melhor que a AstraZeneca? Tenho visto muitos amigos questionarem no facebook que preferem tomar a vacina CoronaVac ao invés da AstraZeneca. Eles apresentam temores empíricos que não se justificam. Há quem queira esperar a do Instututo Butantan a tomar a inglesa.

O que tem assustado àqueles que recebem aplicação de AstraZeneca se baseia em reportagem realizada pelo jornal espanhol El Pais de que mulheres jovens apresentaram casos de coágulos sanguíneos (trombose) ao receberem a vacina.

Esta informação foi suficiente para criar um clima de pânico na população. É como diz o ditado: “na casa que falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”. Fruto, evidente, da falta de vacinas para todos.

É fato que qualquer vacina, seja ela para qual finalidade for, pode ocasionar reações adversas. Qualquer medicamento tem contra-indicações. Mas no caso da AstraZeneca, foram constatados apenas 222 casos de trombose entre 35 milhões de vacinados, um em cada 175 mil imunizados. Um índice muito baixo.

Por se tratar de vacinas produzidas há pouco mais de um ano, os próprios pesquisadores ainda divergem sobre a eficácia ou segurança delas ou sobre os efeitos no organismo. No entanto, todos são uníssonos em defender a vacinação, independente da origem ou do laboratório que a produziu.

De acordo com os pesquisadores, os casos de trombose observados com a AstraZeneca (e também com a Janssen, da Johnson & Johnson, que não é utilizada no Brasil) têm relação com a utilização de pílulas anticoncepcionais. Segundo dados da Agência Européia do Medicamento, uma em cada mil mulheres que utilizam anticoncepcionais apresenta formação de coágulos sanguíneos.

Também estão relacionadas ao tabagismo. Segundo informações da Anvisa, há 763 casos de trombose por milhão de pessoas. Dentre outros fatores que acabam influenciando na probabilidade de reações adversas está o alcoolismo. O quadro também pode ocorrer na gravidez – uma a cada um milhão de gestantes desenvolve coágulos sanguíneos.

Os especialistas alertam que os benefícios superam os riscos, independentemente do laboratório produtor. A vacina reduz a incidência de hospitalização, doença grave ou morte pelo Covid-19 com alta eficácia, entre 70% a 90% dos casos. Há quem diga que a temida AstraZeneca possui uma abrangência ainda maior contra as mutações do coronavírus.

 

Texto importante produzido no site da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais analisa todos os aspectos das vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil, cujo trecho reproduzo abaixo:
“Apesar da possibilidade de produzir a vacina a partir de vários métodos distintos, todas elas apresentam um objetivo em comum: capacitar o sistema imunológico ao reconhecimento de um micro-organismo e então evitar a infecção das células do nosso organismo. Mas independentemente da tecnologia utilizada, todas devem apresentar eficácia e segurança favoráveis para que sejam aplicadas na população em geral. E, falando nisso, você sabe o que significam os termos “eficácia” e “segurança” quando nos referimos às vacinas?

O que é “EFICÁCIA” de uma vacina?

A eficácia da vacina é traduzida como a capacidade do imunizante em conferir proteção imunológica a um determinado agente, no caso, o vírus SARS-CoV-2. O termo é utilizado quando falamos da fase 3 dos ensaios clínicos, ou seja, para fazer referência ao percentual de pessoas vacinadas, nas condições controladas do estudo, que adquiriram imunidade ao vírus.
Atenção: a eficácia diz respeito apenas ao estudo entre os voluntários da pesquisa. O número que indica o impacto real da vacina na população é a efetividade.

O que é “SEGURANÇA” de uma vacina?

Quando falamos na segurança de uma vacina, o objetivo é garantir que a vacina não traga riscos à saúde. Por isso, a segurança da vacina é avaliada durante toda a fase clínica do estudo, principalmente em sua primeira fase, cujo número de participantes é reduzido.

VACINA CORONAVAC (SINOVAC BIOTECH)

A vacina CoronaVac, desenvolvida pela empresa biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, em São Paulo, tem como expectativa a produção de cerca de 1 milhão de doses por dia. Essa vacina foi testada em mais de 12 mil voluntários entre 18 e 59 anos, não apresentou efeitos colaterais graves em nenhum deles e apenas 35% dos voluntários apresentaram algum tipo de reação adversa, porém todas elas classificadas como em grau leve, como dor local e febre baixa.
Como essa vacina atua no organismo?
A CoronaVac foi criada por meio de uma tecnologia molecular já muito utilizada em outros imunizantes. Assim como nas vacinas da gripe, poliomielite, hepatite e da meningite, ela é composta por vírus inativado, ou popularmente como “vírus morto”. As partes do novo coronavírus presentes na vacina são apenas aquelas que permitem o reconhecimento do vírus pelo nosso sistema imune e não pela sua parte responsável por causar a doença. Sendo assim, a produção do imunizante consiste em inativar o coronavírus, de maneira que fique incapaz de se multiplicar e transmitir a doença, pois torna-se incapaz de infectar as células humanas.
Assim que a vacina for aplicada, células de defesa do nosso organismo encontram e respondem a essas partes do coronavírus, dando início à produção de anticorpos. No entanto, esse processo demanda um certo tempo até que o organismo fique protegido contra o coronavírus. Além disso, outro aspecto fundamental é a necessidade da dose de reforço, que ajusta a quantidade de anticorpos àquela necessária para uma resposta eficiente contra uma possível infecção contra o coronavírus. Por isso, o esquema de vacinação é composto por duas doses , do mesmo laboratório, com intervalo entre 2 a 4 semanas entre as aplicações.
A vacinação está indicada somente às pessoas a partir de 18 anos e, após a aplicação de cada uma das doses da vacina deve-se evitar a doação de sangue por 2 dias (48 horas).
ATENÇÃO: mesmo com o esquema vacinal completo (2 doses) contra o coronavirus, deve-se manter os cuidados referentes à prevenção da doença.

Outros dados sobre essa vacina

A eficácia geral apresentada pelo Instituto Butantan para a CoronaVac nos testes brasileiros foi de 50,38%, o que pode parecer baixo em primeiro momento, mas que traz ótimos resultados quando detalhados: a vacina mostrou-se 100% eficaz nos casos moderados e graves e 78% eficaz nos casos leves da covid-19. Ou seja, a aplicação da vacina, quando feita adequadamente em duas doses, tem grande potencial de redução do número de internações pela doença.
Importante: os estudos demonstraram 100% de eficácia na redução dos casos moderados e graves da covid-19 apenas na população do estudo, mas não garante, necessariamente, uma eficácia de 100% em toda a população que receber a vacina. Por isso, quando uma pesquisa busca por voluntários ela objetiva simular uma amostra da população que represente sua totalidade. Apesar de não existir a garantia de uma efetividade de 100% da vacina, a eficácia de 100% nos estudos feitos em uma amostra populacional, quanto mais próxima da realidade (número, idade, fatores genéticos e ambientais), maior a tendência em aproximar os resultados dos ensaios clínicos da população como um todo.

VACINA ASTRAZENECA/OXFORD

Essa vacina foi desenvolvida pelo grupo farmacêutico britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. Apesar da autorização e transferência da tecnologia à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Como essa vacina atua no organismo?

A vacina britânica Oxford-Astrazeneca utiliza uma tecnologia biomolecular baseada no chamado “vetor viral”, que consiste na utilização de um vírus modificado para estimular o sistema imunológico na produção de anticorpos contra o novo coronavírus. Na fabricação da vacina, uma espécie de vírus enfraquecido (adenovírus ChAdOx1), conhecido por causar gripe comum em chimpanzés, após ser modificado para não se multiplicar, carrega parte do material genético do SARS-CoV-2 responsável pela produção de uma proteína (“Spike”) que auxilia o vírus da COVID-19 a invadir as células humanas. Assim, após a vacinação, o adenovírus começa a produzir essa proteína Spike, ensinando o sistema imunológico humano que toda partícula com essa proteína deve ser destruída. Assim, após a imunização adequada (2 doses do mesmo fabricante e com intervalo de 12 semanas entre as aplicações) o sistema imune do nosso organismo torna-se capaz de reconhecer e atacar rapidamente o coronavírus, caso seja infectado.
A vacinação está indicada somente às pessoas a partir de 18 anos e, após a aplicação de cada uma das doses da vacina deve-se evitar a doação de sangue por 7 dias.
ATENÇÃO: mesmo com o esquema vacinal completo (2 doses) contra o coronavirus, deve-se manter os cuidados referentes à prevenção da doença.

Outros dados sobre a vacina

A eficácia geral apresentada pela AstraZeneca para a vacina nos testes foi de cerca de 70% (entre 62% e 90%), após a aplicação das duas doses. Sendo assim, apresentou resultado satisfatório (acima dos 50% exigidos pela ANVISA) e também tem grande potencial de redução do número de internações pela doença, o que promete reduzir consideravelmente a taxa de ocupação do Sistema Único de Saúde.

AFINAL, VALE A PENA SE VACINAR?

Atualmente, nenhuma vacina apresentou 100% de eficácia, não somente contra a covid-19 mas contra qualquer outra doença até hoje. Apesar da eficácia alta ocorrer somente quando o imunizante supera os 90% nos ensaios clínicos, uma eficácia superior a 50% (percentual de corte para a ANVISA) já é suficiente para o controle da atual pandemia. Além disso, sempre com a garantia da segurança de sua aplicação, então fique tranqüilo, pois todas as vacinas aprovadas são seguras!

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