Por René Ruschel
Felizmente sua absoluta incompetência foi nossa principal linha de defesa contra o próprio autoritarismo
O ex-capitão voltou a protagonizar um espetáculo. Só que, como de costume, sem talento e com excesso de arrogância.
Internado em um hospital de Brasília foi surpreendido por uma oficial de Justiça em seu quarto, onde recebeu a intimação da abertura do processo penal que o acusa de conspirar contra o Estado Democrático de Direito.

Um enredo digno de série televisiva.
Desqualificado para o cargo de presidente da República, seu mandato foi um verdadeiro show de horrores.
Durante a pandemia, preferiu flertar com o negacionismo e sabotar a vacinação, contribuindo para a morte de quase 700 mil brasileiros.
Transformou o Palácio do Planalto em um bunker digital, com direito a gabinete do ódio, aquela central de fake news operando a pleno vapor.
Como se não bastasse, tentou emplacar um golpe de Estado. Felizmente sua absoluta incompetência foi nossa principal linha de defesa contra o próprio autoritarismo. É o primeiro golpista da história derrotado pela própria incapacidade.
As digitais da conspiração estão por toda parte: mensagens, áudios, vídeos, delações.
O arquiteto do caos fez de tudo para impedir a posse de um presidente eleito nas urnas.
Depois, tentou usurpar um mandato legítimo que culminou em dois atos de extrema gravidade: a invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro e o plano criminoso para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Nada disso, claro, sem o apoio de um séquito fardado que tramou nas sombras a ruptura da ordem institucional.
Mas a história já nos alertava que esse roteiro não é inédito.
Em 1986, o então tenente planejou atentados com bombas em pontos estratégicos do Rio de Janeiro.
Chegou a desenhar o croqui da operação. Foi condenado no primeiro julgamento, mas acabou absolvido pelo Superior Tribunal Militar, que o mandou, ainda assim, para a reserva.
Foi ali que nasceu o político Bolsonaro. O resto é apenas uma sucessão de desastres em capítulos.

René Ruschel é jornalista










