Segurança é ter brinquedo ao invés de armas, diz padre Julio

Por Simão Zygband 

O padre Julio Lancellotti celebrou na manhã deste domingo missa em memória do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morto pela PM durante tiroteio em Santos, litoral paulista.

A missa, transformada em ato de repúdio pelo assassinato da criança, foi convocado por entidades de Direitos Humanos. Ryan estava brincando na calçada quando foi atingido no abdômen.

Para piorar o sofrimento da família do menino, que esteve presente na missa juntamente com alguns de seus amigos, a PM tentou impedir com truculência as manifestações de protesto dos vizinhos durante o velório.

“Parece que o Brasil está querendo voltar a ser uma teocracia. Quem utiliza o nome do divino para dominar, usurpar, está usurpando e usando o nome de Deus em vão”, referindo-se indiretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Esse conceito de segurança que é usado para se justificar a violência é ilegítimo. Segurança só existe quando todos somos irmãos. Essa é a nossa segurança. A da solidariedade, a da fraternidade”, disse.

“Segurança é ter alegria, educação, saúde”, continuou padre Julio. “Há um engano de que segurança é ter metralhadora, armas, bombas”.

“É ter brinquedos para as crianças, é ter escola boa, ter uma boa refeição, ter uma cama boa pra dormir, um sonho feliz pra sonhar. Isso que dá segurança para o povo”, pregou o sacerdote.

Padre Julio criticou a forma como o governo do Estado exerce a segurança pública em São Paulo de maneira truculento.

“Estamos vivendo uma violência institucionalizada contra os pobres, contra aqueles que não tem como serem protegidos. A bala perdida sempre pega os pobres, os negros, os periféricos. Parece programada”.

“Nós estamos aqui diante de uma família ferida, de um povo ferido. As crianças, seus amiguinhos, todos aqui estão feridos por um ferimento que vão carregar a vida inteira”, finalizou.

Simão Zygband é jornalista e editor do site Construir Resistência

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