Por Tomás de Toledo
O ditador Zelenski é pra eles um democrata, mesmo cheio de nazistas no governo. O ditador Trump quase deu um golpe de Estado com a invasão do capitólio, depois de perder a eleição. O ditador Macron não respeitou o resultado das eleições francesas para que a esquerda não formasse um governo.
Ah, teve a ditadora Angela Merkel com quase duas décadas de poder na Alemanha. E o que falar da Inglaterra e da Espanha cujos chefes de Estado sequer são eleitos, ficam a vida inteira no poder e ainda passam o trono pro filho mais velho?
E o regime ditatorial, teocrático e racista de Israel que só dá cidadania plena a judeus, não permite a organização política de árabes nos territórios ocupados e ainda rouba as terras palestinas sem permitir que eles tenham um Estado?
E o novo ditador fundamentalista da Síria, que virou terrorista perfumado só porque derrubou o governo Assad, mesmo à custa da degola de jornalistas e da perseguição a alauítas e cristãos?
A questão nunca foi democracia x ditadura, mas imperialismo e forças antissistêmicas. Ao contrário de Zelenski, Putin tocou as eleições no país. A China tem uma pujante assembleia do povo que elege o governo após ampla participação popular.
E o Irã, mesmo sendo um regime teocrático, tem suas eleições regulares. Há perseguição à oposição nesses países? Sim. Mas nada comparado ao que a França faz na África e os Estados Unidos fazem onde invadem pra roubar petróleo.
Quanto ao Brasil, por pouco não entramos em outra ditadura militar. Os golpistas que queriam matar Lula, Alckmin, Xandão e até Zé Dirceu. Se fariam isso com os peixes grandes, imaginem conosco.
Por isso, os golpistas daqui precisam ser condenados e presos exemplarmente. Que usem o batom pra fazer “X” na parede da cadeia pra contar os dias. Que Bolsonaro e seus milicos traidores tenha apenas pra eles a ditadura da democracia. Sem anistia! Perdeu, bandido!:
Thomas de Toledo é historiador pela FFLCH/USP, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo IE/Unicamp e professor de Relações Internacionais
