Por Léo Bueno
Mais de 6,2 mil mortos – é o número oficial, muito conservador, de vítimas da ‘guerra às drogas’ que o ex-presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, deixou em seu rastro.
Para quem não sabe, Duterte foi uma espécie de precursor de Bolsonaro do outro lado do mundo.
Instituindo um governo personalista e centralizador, geriu com mão de ferro, à revelia ou desprezando os outros dois poderes, e com a fama de, assim como certo ex-governador do Rio, ter mandado ‘atirar na cabecinha’ a rodo.
Foi preso ontem em Manila pela Interpol após despacho do Tribunal Penal Internacional por crime contra a humanidade.
Se transferido a Haia, vai enfrentar julgamento – como o sérvio Slobodan Milosevic e o marfinense Laurent Gbabo.
Como ocorre com Bolsonaro, Duterte responde por uma fração do que fez.
Perante os crimes que cometeu, os 6,2 mil mortos – a militância filipina diz que o número pode passar dos 20 mil – são quase uma amostra grátis.
Em muitas favelas filipinas, o que se viu foi uma tentativa de limpeza étnica.
Durante seu mandato, o ex-presidente até tentou se precaver das acusações internacionais.
Rompeu com Haia e reformulou as leis, ao passo que instituía medidas como mandar atirar em civis que desobedecessem as ordens de recolhimento durante a pandemia.
Não deixa de ser um agouro de esperança sua prisão em seu próprio país.
Que Haia mande novamente algum cheirinho de favo holandês pra nós, brasileiros.
Léo Bueno é jornalista