Os efeitos de colocar um defensor da tortura no poder

 

Por Simão Zygband

O Brasil atingiu a calamitosa marca de 295 mil mortes por Covid-19, a segunda maior do mundo em números gerais e a primeira em termos proporcionais. A pandemia ainda está em completo descontrole e, o que não se sabe, se é uma política deliberada de genocídio ou não do (des) governo do capitão reformado, Jair Bolsonaro (sem partido).
Se é que se pode considerar assim, Bolsonaro tem uma única qualidade: nunca escondeu quem ele realmente era, apesar de agora tentar desmentir o que havia dito. Elogiou o torturador, coronel Brilhante Ustra, chefe do aparelho repressivo da ditadura militar, Doi-Codi, que entre tantas façanhas enfiava ratos na vagina das presas políticas para que eles roessem as entranhas das torturadas.

Ele e seus filhos chegaram a fazer camisetas com o rosto do carniceiro Ustra e desfilar livremente pelas ruas e até no Congresso Nacional. A prática de tortura e a apologia dela são crimes previstos no Código Penal.
Óbvio que colocar um elemento com estas características no poder teria consequências desastrosas para o país, que passou a ter o convívio diário com um pesadelo. O Brasil enfrenta nas mãos do defensor da tortura, – apesar dele falar sempre em nome de Deus – um dos piores momentos da sua história. Há um descontrole generalizado nas questões econômicas, sanitárias, humana e moral. Milhões de brasileiros estão sendo jogados novamente na miséria. O Brasil, que chegou a ser a sexta economia do mundo, andou para trás e agora está na décima segunda posição. A fome voltou com força ao país.

Contra vacina e o distanciamento social

Bolsonaro é fruto de uma sociedade doente. Não é possível que médicos, intelectuais, jornalistas, artistas, entre outros, tenham votado em um presidente que não apenas fazia apologia da tortura mas que, por diversas vezes, teve atitudes racistas, misógenas, homofóbicas. Mesmo assim, negros, homossexuais, mulheres, votaram nele e o chamaram de “mito”.

O capitão reformado não apenas menosprezou a pandemia como não adquiriu as vacinas redentoras que poderiam ter salvo milhares de vidas, incentivou a aglomeração e não realizou uma campanha maciça de esclarecimento da população sobre a doença. Somente assim milhares de mortes teriam sido evitadas. O pior é que suas estultices resultam em uma demência coletiva.

Ainda hoje, no pico de mortes pelo Covid-19, grupos de brasileiros saem às ruas, de maneira estúpida para pedir a reabertura do comércio e das atividades empresariais ou se recusam a utilizar máscaras, manter o distanciamento social ou mesmo tomar as poucas vacinas disponíveis.

O desgoverno vai contra tudo aquilo que está dando certo no mundo e até em cidades brasileiras. Veja o exemplo, por exemplo, de Israel, que Bolsonaro tanto diz admirar e que se julga amigo de outro personagem de extrema direita como ele, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O país é o que mais vacina proporcionalmente no mundo . Mais de 5 milhões de israelenses foram vacinados, de um total de 9 milhões de habitantes. A economia volta a funcionar aos poucos e há mais de 15 dias funcionam restaurantes, bares e cafés para portadores do chamado “passe-verde”.
Os passes são dados àqueles que já foram vacinados, mais de 50 por cento da população totalmente inoculada contra o coronavírus, ou seja, que receberam as duas doses da vacina. Israel terá praticamente a economia reaberta até o feriado da Páscoa, que começa no dia 27 de março.
O país lançou o programa de passe verde no mês passado, permitindo que um número controlado de pessoas com vacinação completa e aqueles que se recuperaram da Covid-19 entrem em academias, piscinas e outras instalações. Os restaurantes retomaram 75 por cento da capacidade, com mesas a dois metros de distância.
Os portadores do passe verde agora também podem tomar uma bebida em um bar – mas ainda não podem bater um papo com um estranho sentado no banquinho ao lado deles. Permanece a regra que exige uma cadeira vazia entre os clientes, a menos que estejam juntos. Grande parte dos alunos retornou às aulas, enquanto salas de eventos de hotéis, instalações esportivas e locais de culto também reabriram para portadores do passe verde.

O exemplo de Araraquara 

Em meio à redução de casos e mortes, elogios da comunidade científica e protestos dos comerciantes, Araraquara (SP) completa um mês do 1º dia de fechamento total da cidade, como medida de conter a disseminação do coronavírus. A cidade do interior paulista é administrada por Edinho Silva (PT).
O prefeito não pensou duas vezes em implantar um corajoso lockdown, mesmo com a grita de comerciantes e defensores de Bolsonaro e já colhe os frutos da amarga decisão: há uma queda vertiginosa no número de casos na ordem de 57,5% e diminuição de 39% na média semanal de mortes, além da desocupação de leitos de UTI, que não tem filas de espera há 13 dias.
Araraquara foi a primeira cidade do estado de São Paulo a proibir a circulação de pessoas – a não ser para ir trabalhar ou buscar atendimento médico. Às 12h de 21 de fevereiro, a cidade fechou até serviços essenciais, como supermercados e postos de gasolina, suspendeu a circulação do transporte público e montou blitze nas ruas para manter as pessoas em casa.
Um dia antes, a cidade havia batido o recorde diário de casos confirmados, com 248 registros, o correspondente a 46% das testes analisados. O município vivia uma crise hospitalar que chegou a beira do colapso.
Não é preciso dizer que as milhares de mortes de brasileiros tem o carimbo do genocida Bolsonaro.

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