Por Roberto Garcia
Oops. Ato falho. Escorregou. O ex-super-ministro Paulo Guedes está meio nervoso. Parece o rei nu. Esperava que todo mundo admirasse suas vestes reais, cheias de cordõezinhos doirados, emblemas, distintivos e laços multicores. Que nunca existiram. Mas ele dizia que sim, tinha. E, meio relutante, o pessoal acreditava. Dizia: sei lá, vai ver que tem mesmo e só eu é que não vi.
Durou pouco mais de dois anos o show. Em circo isso chama prestidigitação. Faz uns gestos rápidos, põe a mão na caixa antes vazia, assopra no ar, desvia as atenções. E assim como não quer nada, tira da caixa — ou do chapéu, tanto faz — um belo coelho branquinho.
Tem gente que faz mesmo. Mágico. Parceiro de ET, das criaturas celestiais. Ou é enganador, mesmo. O que convence bobo que quer acreditar. E desses tem muito, não duvide.
Pois é, vamos deixar de conversa mole e voltar à historia. Hoje mesmo, cedo, o Paulo Guedes estava numa reunião. De repente criticou nosso melhor parceiro comercial, disse que a China inventou o covid, pixou a vacina e o SUS também,
Quem ouviu ficou surpreso, abobalhado, perguntando se era isso mesmo. Nesse momento difícil, o ministro da economia diz uma besteira dessa? Sim, os que lá estavam olhavam um para o outro, tinham ouvido, não era sonho ou ilusão.
Tinha sido gravado. Num celular. O dono deu para o assessor do ministro. Que começou a voltar as imagens. De repente comunicou, o arquivo apagou. Não tem mais.
Em terra mais avançada, apagar evidência, esconder a cena, não pega bem. Aqui passa, pede-se que sejam discretos, fale baixo, finja que não viu.
Mas até em audiência seleta tem gente que não se contem. Vai correndo, fala pra jornalista, a notícia vaza. Todo mundo fica sabendo. Isso é apenas um incidente. Um a mais.
Mas é revelador. O que passa na cabeça desse homem? Será que é minhoca? Será que ele é mesmo contra vacina que salva gente? E contra o SUS, o belo sistema de saúde que só Brasil tem, que assiste pobre doente e às vezes rico tambem? Será que o ministro não gosta do melhor cliente do Brasil? E se não gosta vai falar isso na frente dos outros? Alto e bom som?
Disseram que esse homem era o mais poderoso do país. O que ele dizia era lei. O chefe, o energúmeno, ouvia tudo que ele falava e assentia, dizia sim.
Pense bem. Onde é que nós nos metemos. E o Jair quer ficar mais. Por esse de novo no palco ou arranjar alguém até pior. Pazu está sem emprego. Que tal ele prá suceder?
Roberto Garcia é jornalista.
