Por Bernie Sanders
Ontem tive a honra de conhecer um dos maiores defensores do povo trabalhador do mundo, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula.
Durante nosso encontro, Lula e eu discutimos a importância de defender a democracia, promover os direitos dos trabalhadores e aumentar a cooperação ambiental e climática em todo o mundo.
Lula veio a Washington para se encontrar com o presidente Biden, mas o que fez no restante da visita fala bem de quem ele é e sempre representou. Ele passou um tempo, não apenas comigo, mas também com membros do Congressional Progressive Caucus e com líderes trabalhistas da AFL-CIO.
Quando os líderes mundiais visitam a capital de nossa nação, quase todos eles concentram sua atenção em figuras do establishment: indivíduos ricos e poderosos, CEOs corporativos ou políticos tradicionais. Lula fez diferente. Encontrou-se com dirigentes progressistas e trabalhistas, porque é de lá que vem e que representou ao longo de toda a sua vida.
Lula, que abandonou a escola após a segunda série, era um metalúrgico que se tornou presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Brasil. Na época, uma ditadura militar apoiada pela CIA governava o Brasil. Aqueles que se opunham a eles eram presos e muitas vezes torturados. Lula arriscou a vida liderando greves e protestos contra o regime antidemocrático. Em 1980 fundou o Partido dos Trabalhadores. Notavelmente, ele foi eleito presidente do Brasil em 2002. Por causa das políticas que implementou como presidente, 20 milhões de brasileiros conseguiram sair da pobreza, enquanto a desigualdade, a mortalidade infantil e o analfabetismo diminuíram. Lula demonstrou ao mundo o poder e a popularidade de um governo que defende os trabalhadores. Quando ele deixou o cargo em 2010, seu índice de aprovação era superior a 80%.
Lula foi eleito para um terceiro mandato em outubro, derrotando o atual presidente Jair Bolsonaro, que era chamado de “Trump dos trópicos”.
Em julho, vários meses antes de sua eleição, um grupo de líderes da sociedade civil do Brasil visitou meu escritório e falou comigo sobre a ameaça à democracia brasileira vinda de Bolsonaro e seus apoiadores. Assim como Donald Trump, Bolsonaro estava mentindo sobre a eleição ser roubada meses antes de alguém votar. Eles me pediram para falar, não em apoio a Lula, mas em apoio à democracia.
É por isso que, juntamente com o senador Tim Kaine, apresentei uma Resolução em Apoio à Democracia Brasileira. Este projeto de lei foi aprovado por unanimidade no Senado, enviando uma mensagem clara de que os Estados Unidos ficariam com o povo brasileiro e não aceitariam nenhuma tentativa de anular de forma antidemocrática os resultados de sua eleição.
Essa ameaça acabou sendo muito real. Em 8 de janeiro, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram os prédios que abrigam os três poderes do governo no Brasil, pedindo um golpe militar para trazer Bolsonaro de volta ao poder. Desde aquele dia, muitos questionamentos surgiram sobre o papel de integrantes do governo Bolsonaro e dos militares nessas manifestações.
Lula e eu conversamos em nosso encontro sobre a necessidade de trabalhar para defender a democracia no mundo. Isso significa não apenas se posicionar contra aqueles que tentariam anular os resultados das eleições, mas também contra os oligarcas que se preocupam apenas com sua capacidade de explorar os trabalhadores para obter lucro.
Os progressistas de todo o mundo precisam trabalhar juntos e é exatamente isso que Lula e eu continuaremos fazendo. Agora, mais do que nunca, precisamos de solidariedade internacional.