Mourão carimba Bolsonaro como golpista e irresponsável

Por Moisés Mendes 

Na fala à nação, em rede de rádio e TV, agora à noite, o general vice-presidente disse, sem citar seu chefe, que Bolsonaro acabou por envolver as Forças Armadas no blefe do golpe ao mobilizar manés e patriotas para que acampassem na frente dos quartéis.

O general não cita o derrotado nem os manés e os caminhoneiros que bloquearam estradas, mas nem era preciso.

Este é o trecho dirigido ao silêncio de Bolsonaro e aos terroristas incentivados pelo bolsonarismo:

“Lideranças que deveriam tranquilizar a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e, de forma irresponsável, deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta. Para uns por inação e para outros por fomentar um pretenso golpe”.

O restante do discurso tratou de um Brasil que não existe, sob o ponto de vista do governo que termina.

Mourão fez um balanço positivo do governo, atacou os três poderes, com críticas principalmente ao Supremo, reconheceu a luta dos que defenderam as posições conservadoras nas eleições e anunciou que fará oposição ao governo Lula sem trégua.

O general eleito senador deu um recado muito mais ao bolsonarismo do que ao PT e a Lula.

Mourão está se habilitando, ao se desplugar do golpismo, a ocupar o lugar de Bolsonaro na extrema direita, mas sem vínculos com o ex-líder.

Mourão decidiu falar em rede nacional para entregar Bolsonaro aos que pretendem devorá-lo, agora sem poder e sem imunidades.

Carimbou o derrotado como golpista e irresponsável e o acusou de desrespeitar as Forças Armadas. Mourão jogou o derrotado contra os militares.

Vamos esperar agora a resposta do foragido, que teve em Mourão um dos seus protetores nesses quatro anos.

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre (RS). É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim). Foi colunista e editor especial de Zero Hora

 

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