Memorial Brumadinho é inaugurado para evitar esquecimento

Por Daniela Arbex

Memorial oferece aos visitantes uma experiência imersiva na história da maior tragédia humanitária do país

Sábado foi um dia de vitória contra o esquecimento.

Dia de reencontro, de testemunhar que por maior que esteja sendo a luta, a união transforma ideal e sonhos em realidade e resistência.

A inauguração do @memorial.brumadinho foi marcada por afeto e pelo esforço de muita gente que decidiu se dar as mãos para prosseguir após o 25 de janeiro de 2019.

Idealizado pelo escritório Gustavo Penna & Arquitetos Associados, o projeto do Memorial foi premiado nacional e internacionalmente e oferece aos visitantes uma experiência imersiva na história da maior tragédia humanitária do país.

O espaço conta com duas salas de exposição, uma sala dedicada à guarda digna dos segmentos corpóreos das vítimas encontrados nas buscas, uma escultura-monumento e um bosque com 272 ipês amarelos, plantados em memória de cada uma das vítimas fatais.

Emocionado, o arquiteto Gustavo Penna falou sobre o projeto mais importante da sua carreira. “Tem dias na vida que a gente perde um pouco da materialidade e fica só sentinentos”.

Pai e avô de vítimas, e presidente do conselho-curador da Fundação Memorial de Brumadinho, Vagner Diniz, lembrou que os familares são parceiros na dor, na saudade e na esperança.

“Ninguém tem a dimensão da dor que nos atravessa. Tentaram nos enterrar, mas não sabiam que éramos sementes”, disse citando o lema do Instituto Camila e Luiz Taliberti, que leva o nome dos dois filhos mortos pelo rompimento da barragem.

Fabíola Moulin, presidente da Fundação Memorial de Brumadinho, foi certeira. “Gente é para brilhar e não para morrer na lama”.

Às 18h40, horário em que as luzes do memorial foram acesas, o lago foi iluminado por 272 “estrelas” que reproduzem a posição de cada corpo celeste na noite daquele 25 de janeiro.

Aberto para o público a partir de quarta-feira (29), o memorial, que coloca o visitante de frente para a B1, a barragem que se rompeu, não serve apenas para nos fazer ver.

Ele está lá para nos fazer sentir.

Para lembrar que somos feitos de humanidade.

Fotos: Daniela Arbex e divulgação

Daniela Arbex é jornalista e escritora

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