Por Paulo Cavalcanti
A data era 10/10/2006 – Clube de Regatas Tietê, em SP, eu estava lá, era um evento, onde Delfim Neto, iria proclamar seu apoio ao 2º mandato de Lula. Na plateia havia aproximadamente 1.500 petistas e lá estava eu, e o companheiro Valentim Morcelli.
Delfim Neto, ex-ministro do regime militar, que não havia conseguido se reeleger deputado federal pelo PMDB. Me lembro que Delfim foi muito aplaudido naquele dia ao discursar, e sem passar verniz na cara, fez a seguinte afirmação: “este é o momento de resistir à volta da política que destruiu este país e impediu e seu desenvolvimento”. Justo ele, que manipulou os índices de inflação, descoberta a fraude pelo DIEESE – SP, redundou nas grandes greves de 1978 – onde Lula foi preso, e em 1979 os militares decretaram intervenção no Sindicato dos Metalúrgicos de S. Bernardo do Campo.
Lula, também, sem nenhum verniz, discursou naquele dia, e disse o seguinte: “O Delfim é um dos homens mais fortes deste País. Não se elegeu deputado federal porque acharam que ele foi um traidor. Ele não foi eleito por vingança de um conjunto, de uma elite de São Paulo, porque ele defendia a nossa política”. Eu vivi, para ver e ouvir isso ao vivo e a cores, na primeira fila do salão do Regatas Tietê….
Vendo o quadro político hoje, me lembro, que o nosso adversário, era “o companheiro” Geraldo Alckmin, então no PSDB-SP, e ao discursar, Lula se disse espantado com o que chamou de “grosseria” do adversário, no debate que havia ocorrido naquela semana. “Poucas vezes vi na vida tanta grosseria, tratamento impiedoso e ódio na cara de um adversário como vi [em Alckmin] no domingo. Aquilo não era divergência; era ódio, era raiva”, disse.
Aqui, vou relembrar o que disse Ulisses Guimarães: “Nunca leve suas desavenças para o público. O sujeito que você xinga de mau-caráter no almoço pode ser o seu companheiro de jantar e quem, para o público, acaba sendo o mau-caráter, é você”.
Paulo Cavalcanti se auto-intitula especialista em nada
