Estamos condenados a torcer por fanáticos religiosos

Por Daniel Spirin Reynaldo

Dos 26 convocados da Seleção Brasileira que vão disputar a Copa do Mundo no Qatar, a ampla maioria dos jogadores tem lado político bem à direita. Outros tantos só sabem agradecer à Deus pelos seus gols e conquistas.

A cada vitória dos profissionais da bola evangélicos, frases como “foi o Senhor que me permitiu…”, “quero agradecer à Deus por essa vitória…”, “Jesus me ajudou neste caminho…”. Palavras de agradecimento aos massagistas, roupeiros, porteiros, maqueiros e funcionários dos clubes e da CBF são raras.

O próprio caminho trilhado da miséria à glória de muitos desses atletas dificilmente será lembrado pelo esforço próprio e pela luta daqueles que acreditaram e investiram neles. Mais fácil atribuir tudo à Deus de joelhos no gramado e com o dedo apontado para o céu. Fico imaginando se fossem os jogadores árabes à beijar o chão por Alah a cada gol marcado, que escândalo!

Estamos fadados a torcer para uma seleção de jogadores de futebol que mais parecem ter saído de um culto da Assembleia de Deus.

A camisa verde e amarela, outrora patrimônio de um povo sofrido e trabalhador, carrega hoje o cheiro e a imagem de tudo aquilo que o Brasil mereceria se livrar: o fanatismo religioso e a intolerância social.

Se ganhar, bem. Se não ganhar, amém.

 

Daniel Spirin Reynaldo é jornalista, editor do site Coletivo Comunicação Popular e especializado em comunicação em saúde.

 

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