Por Virgílio ALMANSUR
Não tinha 20 anos e era direta, responsável, com um sorriso meio fuinha e às vezes sedutor…
Terminando os 70, era a gata do Posto 10, onde se juntava à fauna da alegria, da saúde exacerbada e da esbelteza atlética descontraída…
Meus olhos contemplam, oniricamente, o cruzamento de Isabel e Gal. Esta vindo da Farme, passando em frente ao 9, pelos pubianos à mostra, gingado baianês e aquela, então, altiva, esportista já, meninota tentando alcançar o sorriso da baiana que jamais esqueceremos…
É preciso estar atento… Estamos indo… Duas gerações que perdemos e mais outra com Boldrin em menos de 10 dias… Faz parte dessa vida que passa sem nos deixar tempo para maiores reflexões…
Isabel ficara uma década em quadras fechadas nos 80. Nos 90 voltou à praia. Um bálsamo que muitos de nós, privilegiados, pudemos ver dos calçadões ou mesmo na Gávea, amamentando um dos filhos…
As heranças, ainda bem, não são só sanguíneas, coisa que Isabel deixou de sobra com filhos e filhas maravilhosos. Seu legado para o esporte acompanha o que a cultura amealhou com figuras como Gal e demais…
Impressionante, que nas perdas, sofremos. Nossas depressões são importantíssimas e carregam possíveis elaborações que requerem intensas movimentações para que nos aproximemos de verdades que resistimos pensar: o curso da vida.
Vem-me, inevitavelmente, o quanto nessa quadra da vida estamos a exigir heranças que possam contar com o legado de Isabel e elas estão aí… Gil, nosso Gilberto, povoou nosso mundo com pérolas negras e mulatas de fina estampa, como Caetano, Chico e tantos outros…
Nessa hora soa em mim: ainda bem!!!
Não sei se as correspondências no mundo político são possíveis. Temo pelas capitanias quase sempre hereditárias… Pode ser que sim, naquilo que almejamos com a segurança que poderemos tentar neste futuro incerto.
Sonhei com a vida eterna… Quis, mais do que nunca que essas perdas, desde João e Aldir, fossem tão apenas fakenews.
Seriam bem vindas…
Virgílio Almansur é médico, advogado e escritor.
