Por Gleisi Hoffmann
O Brasil perdeu a oportunidade de fazer justiça tributária. A Câmara dos Deputados rejeitou, por 262 votos a 236, uma proposta para o combate à desigualdade: a cobrança de impostos sobre grandes fortunas, ou seja, sobre aqueles que detêm patrimônio superior a R$ 10 milhões.
Essa decisão mantém intocado o privilégio dos super-ricos, que seguem contribuindo com uma fatia desproporcionalmente pequena em relação ao que arrecada o país.
Combater a desigualdade é uma missão de vida para o Partido dos Trabalhadores, que se torna mais difícil a cada dia.
Um estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) reforça a urgência dessa discussão pautada pela esquerda.
Entre 2017 e 2022, a renda dos 0,01% mais ricos — cerca de 15 mil pessoas — aumentou quase o triplo em comparação com a dos 95% mais pobres. Esse crescimento, que chegou a 96%, é impulsionado, em grande parte, pela isenção de impostos sobre a distribuição de lucros e dividendos.
Em outras palavras, enquanto a maioria da população lida com uma carga tributária pesada, a elite econômica do país continua a acumular riqueza livre de impostos sobre essas distribuições.
Isso revela, de maneira clara, como o sistema tributário está estruturado para privilegiar aqueles que já têm muito.
A concentração de renda no Brasil sempre foi indecente e, nos últimos anos, tornou-se insuportável.
Não existe democracia ou justiça quando a elite se apropria da riqueza nacional com essa voracidade.
Esse cenário se aprofundou pelas políticas neoliberais e pelos cortes na proteção social que ocorreram desde o golpe de 2016, principalmente durante o governo Bolsonaro.
Compromisso
O compromisso do PT é claro: a redução da desigualdade é uma prioridade e uma necessidade para o futuro do país. Neste sentido, a taxação dos super-ricos era fundamental na reforma em curso para construir um país mais justo, que beneficie todos os brasileiros, não apenas uma elite privilegiada.
Mas como avançar, se a direita sempre vota a favor dos milionários? Cada um defendendo os seus interesses, afinal.
Gleisi Hoffmann é deputada federal pelo Paraná e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).
Foto de capa: Levante Popular da Juventude
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Bom dia! O que precisamos é formar nossos jovens e trazer para o Partido dos Trabalhadores. Temos que ir para as portas das faculdades e trazer nós jovens negros e negras inovando o partido.