Por Virgilio Almansur
7 PRISIONEIROS eleva nosso cinema numa crítica mais do que contemporânea às excrescências do modelito capitão-do-mato.
A ponte é difusa… Dá o tom que o sistema pede e permite sua localização em nuances que a direção competente absorve instalada numa produção quase impecável com respostas concisas à maestria de um roteiro extremamente bem costurado.
Atores muito bem trabalhados, carregam o exercício teatral com expressões que apontam saliência ao competente jovem Christian Malheiros e a coadjuvância primorosa de Rodrigo Santoro.
A escravidão encontra ressonância nessa trama que impõe uma reflexão àquilo que assistimos sob a ótica do trabalho escravo duplamente: sob a tonalidade dos sequestros e sob nossos olhos…
A região paulistana onde há a concentração de bolivianos, coreanos, haitianos e brasileiros de todos os rincões, sob escravidão, é de plena sabedoria de nossas autoridades. Todos somos testemunhas desses desvãos…
Alguns diálogos entre os atores deixam patente o invólucro social que o roteiro quer revelar, deixando ao espectador a imagem de uma reação que poderá ser “restauradora”…
O conjunto das “tonalidades”, ou períodos consecutivos que sofrem transformação pela via da constituição de um resultado (produto), são perceptíveis como uma “cadeia produtiva” até a colocação no mercado que nosso ator principal trará sob marca no corpo nas cenas finais. Importante o que antecede esse desfecho…
Alexandre Moratto, diretor, traz certo ineditismo à trama e a radiografia se compõe com aquele Tonho, “despedaçado” e o rapaz de Bicho de Sete Cabeças que Santoro nos premiou há 20 anos…
Vale a pena conferir…
Enjoy!
Virgilio Almansur é médico, advogado e escritor.