A paranoia dos noticiários da TV

Por Michel Labaki

Os telejornais estão se dedicando quase todos os dias, a noticiar fatos relacionados à segurança pessoal.

Noticiam assaltos, crimes, tiroteios, enfrentamento entre policiais e quadrilhas organizadas, prisões e condenações.

São fatos que ocorrem no Brasil inteiro, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro.

Mas estão sendo propositalmente aumentados em sua quantidade e frequência pelos telejornais.

Esse noticiário está levando a população a uma verdadeira neurose ou paranoia.

Muita gente vendendo suas casas e se mudando para apartamentos, muito mais seguros, na opinião dessas pessoas.

Muitos conjuntos de casas sendo derrubados para a construção de edifícios de apartamentos.

Os que ainda moram em casas, instalam portões e cercas elétricas, com arame farpado ou cabos que estejam conectados à rede elétrica ou alarme com comunicação com empresas de segurança.

Acho uma tristeza tudo isso!

Os veículos particulares também! Cheios de alarmes e outros equipamentos semelhantes.

As pessoas dirigem seus carros, com todos os vidros fechados, portas travadas, alarmes ligados, não olham para os lados, ficam extremamente desconfortáveis e inseguros com vendedores ambulantes ou pedintes, jamais abrindo os vidros.

No máximo algum sinal com as mãos dizendo que não tem interesse.

Me recuso a entrar nesse clima!

Dirijo o carro com vidro aberto quando não está chovendo e nem ventando, converso com os ambulantes e pedintes nos sinais, estabelecendo até algum diálogo.

Não compro nada, a não ser alguma balinha de hortelã quando tenho algumas moedas. Mas converso com elas e eles.

Alguns pedintes têm até PIX, mas acho que não conseguem muita coisa. Como alguém vai enviar um PIX no intervalo de um sinal vermelho para verde?

Outra coisa que observo quando o trânsito para por causa de um sinal vermelho, é verificar se naquela rua ou esquina, consigo ver alguma casa sem “casamatas” ou portões e cercas elétricas ou lanças pontiagudas.

Chego a bater palmas (mentalmente) quando vejo alguma casa com portão baixinho normal, jardinzinho e plantas e flores à vista.

Chego a pensar: aí vive uma família feliz!

As outras casas e apartamentos fortificados, posso estar sendo injusto, mas as famílias que moram aí me lembram aquela música “Como Nossos Pais”, do Belchior, que termina assim:

“Hoje eu sei que quem me deu a ideia

De uma nova consciência e juventude!

Tá em casa,

Guardado por Deus,

Contando vil metal!

Minha dor é perceber,

Que apesar de termos feito tudo, tudo

Tudo o que fizemos.

Nós ainda somos os mesmos,

E vivemos!

Ainda somos os mesmos,

E vivemos como os nossos pais!”

Claro que é uma figura de retórica para algumas pessoas, não para mim. Tive a felicidade de ter nascido e morado numa casa com portão baixo e um pequeno jardim na frente, na minha infância.

Não consigo viver numa casa “fortificada”.

Não consigo ter medo de todo e qualquer desconhecido.

Acho que temos que lutar pelo desenvolvimento e temos que confiar no progresso e evolução da humanidade!

Michel Labaki é engenheiro metalurgista aposentado

 

 

 

 

 

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