A dor da massa

 

Por Roberto Garcia

 

Já vi gente dizendo que o Brasil é um caso perdido. Para eles, só se conserta com guerra civil.

O seu presidente, esse mesmo, Jair, foi gravado, filmado, dizendo que na ditadura morreu pouca gente. Deviam ter matado pelo menos trinta mil. Prá ele isso não dói. Pimenta no olho dos outros…

Parece que estamos com uma obsessão. Não paramos de falar nas cifras da nossa atual tragédia maior. Quanto foi hoje? Mil, dois mil, três mil, quatro mil? Lembra quando ficávamos chocados com uma morte, ou duas, resultado de uma injustiça? Mas e quatro mil num dia?

Quando o Miguel Nicolelis dizia que isso ia virar uma hecatombe? Que um bonitinho aqui e outro ali dizia que era exagero, esse cara é um alarmista, deve ser do PT, da oposição. Muito possível que seja outro infiltrado prá semear confusão?

E as projeções primeiro dele e agora de centros de pesquisa lá dos States dizendo que batemos em junho ou julho com meio milhão? Que fazer com os extremistas que chamam o presidente de genocida? Melhor matar esses também?

Não é melhor abrir o comércio, os bares. Afinal, que mal pode fazer uma pizza, uma cervejinha?

Tem os que acham que a questão central é a defesa da liberdade, sagrado direito de ir e vir. Que ninguém tem direito de restringir o que eu faço ou você. Esse fechamento parcial ou total não é o princípio da ditadura, desses governadores maldosos que nos querem impingir?

Não sei quem acaba de dizer que agora os infetados e os mortos passaram a ser muito mais jovens, os mais resistentes, os que não deveriam temer. Não é coisa mais só de velho, desses que melhor fazem morrer.

E daí, amiguinhos abre tudo e paga o preço ou fica fechado? Que vão escolher? Será que é mesmo preciso fechar até templos, igrejas, cultos e missas? Nem mais orar se pode nesse país. Será que tem que sair de casa, juntar um monte de gente prá fazer o que bem se pode quieto, calado, no seu canto, sem arriscar propagar o diabo do vírus e matar mais?

A guerra chegou. Só não vê quem não quer.

 

Roberto Garcia é jornalista.

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