De Monique Vasconcelos – NINJA Esporte Clube com Redação
Natural de Vila Fátima, em Guarulhos (SP), Rebeca Andrade tem seis irmãos, e na infância morava com eles e a mãe, Rosa Santos, empregada doméstica, numa pequena moradia nos fundos de um sobrado
Superação, talento e carisma: três palavras que definem bem a ginasta Rebeca Andrade. Não tem como imaginar como seriam as Olimpíadas de Tóquio sem a atleta e sua performance única ao som instrumental do funk “Baile de Favela”. Em pensar que se as Olímpiadas de Tóquio tivessem sido em 2020, como era programado, provavelmente a gente não assistiria ao show dessa gigante de 1,54cm.
Com apenas 22 anos, Rebeca já passou por três cirurgias de joelho por causa do impacto da modalidade e a última delas, em 2019, seria a responsável pela possível ausência nas olimpíadas.
Com o adiamento dos Jogos Olímpicos devido a pandemia da Covid-19, a ginasta conseguiu se recuperar, garantiu a vaga individual em junho e está em plena forma no Japão, se equiparando às melhores do mundo novamente, como quando foi finalista do individual geral na Rio 2016.
A performance em solo somada ao salto e as barras assimétricas lhe renderam 57.399 pontos na qualificação, ficando só atrás de Simone Biles (EUA) no individual geral, posicionando-a, portanto, como favorita na modalidade após saída de Simones Biles.
Rebeca também ficou com a terceira colocação no salto e a quarta no solo. A disputa pela final do individual foi na quinta-feira (29), quando conquistou a medalha de prata. Neste domingo (1), escreveu seu nome na história olímpica mundial ao ganhar a medalha de ouro na decisão do salto e amanhã pode novamente subir ao podium na categoria solo.
De Guarulhos para o mundo
Natural de Vila Fátima, em Guarulhos (SP), Rebeca Andrade tem seis irmãos, e na infância morava com eles e a mãe, Rosa Santos, empregada doméstica, numa pequena moradia nos fundos de um sobrado. A vida não era fácil para sua família naquela época, Dona Rosa acordava em plena madrugada, preparava o café antes de sair para o trabalho, enquanto os filhos mais velhos ajudavam aos mais novos.
Aos quatro anos, Rebeca começou a frequentar a escolinha de ginástica do município, no Ginásio Bonifácio Cardoso, na Vila Tijuco, implantada durante a gestão do prefeito Elói Pietá, do PT, num primeiro momento levada pela tia que trabalhava no local.
Depois seu principal meio de transporte para chegar aos treinos era a bicicleta, aonde ia de carona com seu irmão mais velho. O objetivo inicial das aulas de ginástica era ocupar o tempo daquela menina cheia de energia, que amava dançar. Mas a brincadeira ficou séria. Rapidamente, Rebeca Andrade foi apelidada de “Daiane dos Santos 2” por sua desenvoltura nos aparelhos.
Com nove anos a vida de Rebeca teve uma grande reviravolta. Tão jovem, a atleta foi morar longe da família para se dedicar aos treinos, em Curitiba-PR. Em 2011, um novo ciclo se iniciava, a ginasta recebeu o convite para treinar na equipe juvenil do Flamengo, onde está até hoje. Com as primeiras medalhas nas grandes competições, Rebeca não esqueceu as origens e comprou um apartamento mais confortável em Guarulhos para sua família.
Depois disso, o nível de Rebeca só foi subindo, e em 2012, com apenas 13 anos, Rebeca tornou-se campeã do Troféu Brasil de Ginástica Artística no primeiro campeonato como profissional, superando ginastas de renome, como Jade Barbosa e Danielle Hypolito. Em 2015, estreou nas competições adultas internacionais na Copa do Mundo de Ginástica, em Liubljana, na Eslovênia, onde competiu nas finais das paralelas assimétricas ficando em terceiro lugar, conquistando a medalha de bronze.
A medalha de ouro não tardou, veio em 2017, na etapa de Koper, também na Eslovênia, após conquistar a prova de salto sobre a mesa. A partir dali o topo do pódio virou rotina na vida de Rebeca. Em 2018, a ginasta disputou mais uma etapa da Copa do Mundo, em Cottbus, na Alemanha, e assegurou mais dois ouros: no salto sobre o cavalo e na trave. No ano seguinte, em Stuttgart, também em território germânico, Rebeca conquistou o primeiro lugar na disputa por equipes. Agora, Rebeca realiza o sonha do ouro nas Olimpíadas de Tóquio.
Por aqui, continuamos na torcida!
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Incrível mesmo mas, seria interessante saber quem esteve dando este suporte pra ela, desde o início e mais, uma comparação com os neismares? E quantas Rebecas estão por aí na periferia, e ninguém as veja?