Esposa de Caetano Veloso diz que ato contra anistia com Caetano, Chico e Gil foi da sociedade civil

Não precisa ser muito esperto para saber que um show em Copacabana, no Rio de Janeiro em pleno domingo reunindo os nossos maiores gênios musicais atrairia milhares de pessoas.

Se não fosse um ato político,  Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil por si só já reuniriam um público gigantesco, ainda mais gratuitamente.

Mérito, evidentemente,  de quem teve a brilhante ideia: a produtora e empresária Paula Lavigne, companheira de Caetano Veloso.

Mas Lavigne, para variar, preferiu desmerecer o caráter político do evento, procurando puxar apenas para si os louros das gigantescas manifestações que ocorreram em todos os cantos do país (foto).

Segundo noticiado nos jornais, portais e afins, Lavigne disse que o ato musical realizado no domingo (21),  não deve ser classificado como “iniciativa da esquerda”, mas como “manifestação da sociedade civil”.

Segundo consta, ela foi responsável pela articulação do evento através do coletivo 342 Artes, em parceria com a Mídia Ninja, que mobilizou artistas para reforçar os protestos contra a anistia a golpistas e a PEC da Blindagem.

Claro que este tipo de “militância light”, que procura despolitizar a manifestação é evidentemente bem vinda.

É um tipo de abordagem que não leva em conta o peso histórico dos partidos de esquerda como o PT, o PCdoB, o PSB e o PSOL e também do movimento sindical e popular.

Paula reconhece que a convocação inicial partiu de movimentos sociais como MST e MTST, mas ganhou proporção quando artistas passaram a chamar o público pelas redes. “Não foi uma manifestação de lado ou de outro, mas uma revolta da sociedade civil organizada”, afirmou.

Ela destacou que artistas sempre participaram do debate público, mas, nesse caso, buscaram somar vozes com movimentos populares.

No Rio, a mobilização contou com apresentações de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo Azevedo, Djavan, Paulinho da Viola e Ivan Lins, entre outros. Eles entoaram clássicos como “Alegria, Alegria” e “Cálice”.

Em São Paulo, Belém e Belo Horizonte, artistas mais jovens, como Marina Sena e Maria Gadú, também marcaram presença.

De acordo com levantamento da USP, os atos reuniram cerca de 42 mil pessoas na Avenida Paulista e 41 mil em Copacabana. Não é segredo para ninguém que estes números estavam “desidratados”.

É triste ter que lembrar Paula Lavigne sobre um lamentável episódio que a envolveu juntamente com o seu companheiro Caetano Veloso de apoio ao juiz da Lava-jato, Marcelo Bretas.

Paula Lavigne promoveu um almoço de artistas e políticos em apoio à lava-jato, especialmente ao juiz Marcelo Bretas, um instrumento persecutório da extrema-direita para incriminar o presidente Lula e a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Possivelmente,  quando cometeu este equívoco político, de apoio à Lava-jato, Paula Lavigne e Caetano Veloso também acreditavam que não estavam fazendo um ato político.

Não haviam percebido do que se tratava o ardil montado por Sérgio Moro e o próprio Bretas para perseguir Lula, Dilma e a esquerda. Santa ingenuidade.

Recentemente,  Marcelo Bretas foi aposentado compulsoriamente pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por irregularidades na condução dos processos.

Ainda bem que Lavigne e Veloso fizeram a mea culpa e passaram para o lado certo da história.

Simão Zygband é jornalista veterano e editor do site Construir Resistência

Você também pode contribuir com o Construir Resistência

* São conteúdos disparados gratuitamente para um grupo seleto de leitores composto por jornalistas, professores, profissionais liberais, dirigentes sindicais e mais de mil trabalhadores.

* São recursos para manutenção e sustentabilidade do site que distribuí informação de qualidade. 

* O pix é um modelo de remuneração optativo e sem cobrança. 

* Faz a doação quem puder ou quiser.

* Contribuições no pix para o editor Simão Zygband (11 911902628) ou no link de contribuições abaixo.

* Qualquer quantia é bem vinda e ajuda na saúde financeira deste veículo de combate ao fascismo.