Por Sergio Alarcon
Centenas de milhares protestaram em todo o Brasil contra a chamada PEC da Bandidagem e contra a anistia ao chefe da Organização Criminosa e seus epígonos.
O povo não aceita anistia para os golpistas, tampouco um salvo-conduto para parlamentares atolados até o pescoço no banditismo.
A pressão popular colocou contra a parede a velha engrenagem da orcrim bozista, liderada pelo Jair, já condenado a 27 anos pelo STF por tramar o golpe de Estado e que, em breve, será também condenado pelo genocídio de 700 mil brasileiros na pandemia.
Diante desse cenário inóspito, as milícias, os conglomerados digitais de desinformação e a rede de financiadores ilegais que bancaram e bancam o bozismo se perguntam: como manter poder político depois de 2026?
E é nesse momento que um fantasma retorna: a facada de 2018. O episódio transformou Jair de pateta em mártir, desorganizou a campanha adversária e virou a chave eleitoral.
Coincidência ou não, os EUA também nos oferecem uma lembrança macabra, e mais recente: o ativista fascista Charlie, amigo íntimo de Donald e ícone da extrema-direita armamentista, foi morto a tiros em um evento universitário.
O defensor do armamento civil tombou justamente por uma arma civil. Donald não perdeu tempo: já o chama de “mártir”, usando o caso para inflamar sua base e reforçar a retórica de perseguição.
E no Brasil? Quem seria o “Charlie brasileiro”? Chupetinha, Carluxo, algum figurante do submundo digital? Não. O verdadeiro candidato a “mártir” dos bandidos nacionais é o próprio Jair. Seus filhos já espalham o mantra: “querem meu pai morto”.
Jair hoje é inelegível, peça descartada do tabuleiro institucional; ainda tem votos – cada vez mais minguados – mas tem. Não duvido que a associação de organizações criminosas que ajudaram a elegê-lo esteja agora cogitando um atentado contra o “Charlie brasileiro”.
Mandar o Mito discutir a terra plana diretamente com Olavo de Carvalho reacenderia o bozismo em estado de guerra, martirizando o condenado e chacoalhando o país.
Não esqueçamos: a história brasileira está marcada por episódios de violência instrumentalizada – de tiros e atentados a comoções midiáticas que moldaram eleições. E, no tabuleiro internacional, não esqueçamos que Donald ameaça o Brasil com sanções sob a desculpa de “perseguição política”.
O Mito acabar como o Charlie viria a calhar… Bananinha iria aparecer em lágrimas para a turba, mas só depois de exultar, gritando: “Uhhhaaa, aquele fdp mal-agradecido tomou no c* e serviu pra alguma coisa!”
Por isso, o alerta é necessário: a Justiça e a Polícia Federal precisam estar um passo à frente. Um atentado contra o chefe da orcrim não interessa à democracia – interessa apenas a quem quer incendiar o país.
É preciso tirar Jair daquela casa, afastar a Michelle dele (outra que é capaz de tudo…) e jogá-lo de vez na Papuda – por uma questão de segurança. Nada de prisão domiciliar.
O Brasil não pode cair nessa armadilha.
Sergio Alarcon é médico psiquiatra pesquisador da Fiocruz