Indícios de favorecimento nas obras do Viário Roberto Marinho

Por Roberto Casseb

Grandes obras são comandadas pelas mesmas construtoras, como no caso do Complexo Viário Roberto Marinho, e geram dúvidas sobre a licitude do processo

A obra é estimada em R$ 2,4 bilhões. O complexo viário Roberto Marinho ligará a avenida Jornalista Roberto Marinho à Rodovia Imigrantes. Ela é um exemplo da falta de transparência na contratação das empresas de engenharia.

O projeto tem intervenções viárias, drenagem e criação de novas área verdes.

Estudos preveem beneficiar aproximadamente 700 mil pessoas.

O trajeto terá 3,7 quilômetros de extensão abrigando três viadutos, sendo um deles estaiado, o túnel de 460 metros, um sistema de macrodrenagem com a canalização de 1,2 quilômetros do córrego Água Espraiada.

Paralelamente será construído um novo Parque Linear com 314 mil metros quadrados de área verde, com instalações de lazer, cinco pontilhões e uma via marginal com duas faixas de veículos. A previsão é de que tudo fique pronto em 48 meses.

Está virando prática nas licitações da Prefeitura um sistema de rodízio entre três empresas do mercado que se revezam como vencedoras de licitações.

O curioso é que no final as três acabam trabalhando juntas no projeto vencedor. Sempre ganham as concorrências. Lembrando que as três, por coincidência, mais a Odebrecht, foram denunciadas na Lava Jato.

As empresas participantes na montagem do Consórcio são sempre a Andrade Gutierrez, Amanco e Nova Dimensão (antiga Queiroz Galvão).

O que chama a atenção, apesar tudo parecer estar dentro dos trâmites legais, é que sempre uma delas ganha.

Como um Jogo de Cartas Marcadas, a vencedora da concorrência monta um consórcio com a participação das parceiras. Na obra do Viário Roberto Marinho a vencedora foi a Andrade Gutierrez.

Segundo denúncias, há um conluio do Secretário Municipal de Governo Edson Aparecido favorecendo essas empresas.

Esse fato pode ser constatado pelo número de obras vencedoras por elas na cidade.

Outras empresas, que possuem capacidade técnica e estrutura para executar serviços como esse, e até maiores, quase sempre ficam de fora.

É uma clara demonstração de que a prática de favorecer amigos parceiros continua valendo em setores da administração pública. Em vários casos, a transparência fica maquiada tentando dar a impressão de legitimidade.

Comprovadamente a engenharia brasileira é repleta de profissionais talentosos trabalhando em empresas de médio porte que podem contribuir para o desenvolvimento de São Paulo e do país.

Entretanto, esse jogo de favorecer os “amigos” vai na contramão do que seria uma concorrência ética.

Casos como esse mancham a gestão pública e deixam no ar a sensação de negociatas para favorecer esquemas políticos.

Historicamente o Brasil tem vasta expertise no ramo da construção civil. Muitas empresas possuem total capacidade em atender a demanda de grandes obras, sem se valer de acordos escusos, mas de forma ética e profissional.

A denúncia, do caso do Viário Roberto Marinho, é grave e precisa ser investigada pelas autoridades competentes.

Acabar com esse método imoral de favorecer grandes construtoras de “amigos”, será o primeiro passo para que licitações sejam realizadas com 100% de transparência e sem jogadas antiéticas que sempre causam prejuízos.

É bom lembrar que durante uma obra podem surgir aditivos “inesperados”.

Roberto Casseb é jornalista e diretor do jornal do Cambuci & Aclimação

 

 

 

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