Centrão apostou no desgaste de Lula e errou

Basilio Carneiro – Folha da Paraíba 

Ciro Nogueira e Antônio Rueda, presidentes do Progressistas e do União Brasil, erraram o tempo do jogo. Planejaram o movimento como quem sente o cheiro de sangue no ar, mas o vento virou.

Enquanto apostavam no desgaste de Lula, o governo reagiu e retomou a agenda social, deixando a direita descoordenada e isolada.

O movimento mal calculado

Ciro Nogueira e Antônio Rueda, presidentes do Progressistas e do União Brasil, apostaram que uma combinação de ruídos — alta nos preços dos alimentos, avaliação negativa do governo, crise do Pix, mal-estar do IOF, CPMI do INSS e desgaste das urgências da anistia e da PEC da blindagem — abriria caminho para um desembarque triunfal do Lula 3.

Planejaram o movimento como quem sente cheiro de sangue no ar. Mas o vento virou.

O governo retoma a iniciativa

Enquanto o Centrão ensaiava a ruptura, o Planalto reagiu com medidas de forte apelo popular:

1) Campanha nacional sobre justiça social

2) Manifestações em todo o país, com milhares nas ruas reafirmando soberania nacional

3) Sepultamento da PEC da blindagem e anistia aos condenados da tentativa de golpe

4) Isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, com contrapartida sobre os super-ricos

5) Redução das contas de energia e gás

6) previsão de votar ainda este ano a diminuição da jornada 6 x 1 e transporte público com tarifa zero

As pesquisas registraram reação imediata. Lula voltou a liderar, ampliando a vantagem em todos os cenários para 2026. A pauta social predominou, o humor da base mudou e o timing de Ciro e Rueda se perdeu.

Isolamento no centrão e na direita

Nos bastidores, o desembarque esvaziou-se. Ministros como Sabino e Fufuca não querem sair; Arthur Lira não entrega a Caixa Econômica, nem Alcolumbre abre mão de seus espaços. O que seria um gesto de força virou sinal de isolamento.

Além disso, Rueda enfrenta constrangimentos das investigações da Operação Carbono, acusado de manter jatinhos em nome de laranjas, enquanto Ciro Nogueira aparece ligado a suspeitas de recebimento de dinheiro vivo. A simples investigação já macula sua indicação para vice em São Paulo.

Na direita, a descoordenação é evidente. Tarcísio de Freitas vacila entre representar o mercado e o Centrão ou ceder ao bolsonarismo radical.

Eduardo Bolsonaro sabota qualquer tentativa de moderação. Até Donald Trump, referência simbólica da direita global, ajusta o tom e se volta às próprias batalhas eleitorais.

O saldo do erro

Ciro e Rueda apostaram no desgaste de Lula. Erraram o tempo. Lula reagiu, retomou sua melhor versão e, enquanto o relógio da política corre, os dois ficaram à margem, assistindo à cena de quem apostou no caos e encontrou um país de volta à pauta social.

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