Bolsonaro e seus aliados estão à deriva

Por Carmem Munari – Fórum 21

O colapso de Bolsonaro foi tema da mídia internacional nesta segunda-feira., “lutando contra crises de tristeza, ataques de soluços e uma fixação no juiz que ele culpa por seus problemas”, diz a Reuters.

Ou “as tentativas de Eduardo Bolsonaro de interferir no processo de seu pai por tramar um golpe de Estado naufragaram”, segundo a Bloomberg.

A pesquisa Quaest que aponta 55% de entrevistados a favor da prisão de Bolsonaro também chamou a atenção dos sites.

Dias antes de o Supremo Tribunal Federal do Brasil iniciar o julgamento de Bolsonaro por tramar um golpe, o ex-presidente e sua coalizão política mostram sinais de desintegração.

Aliados que visitaram o líder de extrema direita em prisão domiciliar em um condomínio fechado em Brasília, disseram à Reuters que viram Bolsonaro lutando contra crises de tristeza, ataques de soluços e uma fixação no juiz que ele culpa por seus problemas.

A agência faz um apanhado das últimas questões relacionadas a Bolsonaro.

O aliado fiel do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi atingido por uma nova turbulência esta semana, quando a polícia federal divulgou uma série de mensagens privadas que o retratam como um líder hesitante, questionando suas próprias decisões e lutando para conter as disputas internas entre seus aliados próximos.

“Abra a boca!”, escreveu o pastor evangélico Silas Malafaia, instando o ex-presidente a fazer uso político das pesadas tarifas que Trump impôs aos produtos brasileiros.

“Os líderes dão direção ao povo, o povo é liderado por outros quando os líderes ficam em silêncio.”

As mensagens foram divulgadas como parte de uma investigação sobre o ex-presidente e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, que está liderando uma campanha em Washington pedindo ao governo Trump que intervenha em nome de seu pai.

A pressão dos EUA não conseguiu impedir o julgamento de Bolsonaro e parece até ter ajudado seu rival, o presidente Lula, a subir nas pesquisas e a ganhar um inimigo comum no exterior para sua frágil coalizão governamental.

À medida que o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal chega ao fim, suas conversas mostram um líder inseguro sobre como conduzir seu próprio destino, muito menos unir sua base fragmentada antes das eleições presidenciais do ano que vem.

Quando Malafaia pressionou Bolsonaro a gravar um vídeo e traduzi-lo para o inglês para chamar a atenção de Trump, o ex-presidente reclamou que estava muito doente para responder.

“Percebemos que o presidente está angustiado. Ele não é aquele Bolsonaro sorridente que conhecemos”, disse o deputado Domingos Savio, que esteve na casa do ex-presidente na semana passada.

“O principal aspecto dessa angústia é o sentimento de injustiça.”

EDUARDO NAUFRAGA

O site Japan Times, em texto da Bloomberg, mostra que as tentativas de Eduardo Bolsonaro de interferir no processo de seu pai por tramar um golpe de Estado naufragaram.

Ele queria uma vitória e, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou em julho aplicar tarifas de 50% ao Brasil, ele acreditou que a tinha conseguido.

Quatro meses antes, o jovem de 41 anos havia abandonado seu cargo no Congresso brasileiro para se mudar para os Estados Unidos, numa tentativa de persuadir a Casa Branca a ajudar seu pai, Jair Bolsonaro — ex-presidente do país que está sendo julgado por tentativa de golpe.

Quando Trump exigiu que o Supremo Tribunal Federal do Brasil suspendesse o julgamento se o país quisesse evitar as tarifas, parecia que o jovem Bolsonaro havia sido bem-sucedido em sua missão.

Mas ele ficou frustrado porque seu pai não compartilhava de seu entusiasmo naquele momento. A ameaça tarifária deu um impulso ao presidente Lula, permitindo que ele assumisse uma postura nacionalista e se apresentasse como defensor do Brasil.

Sua popularidade, antes em baixa, está subindo, e ele agora lidera todas as pesquisas iniciais entre os possíveis adversários.

“Seu filho, Eduardo, é um idiota”, disse Silas Malafaia, um pastor evangélico com laços estreitos com a família e o movimento de direita do país, em uma mensagem a Bolsonaro no auge das tensões tarifárias em julho, de acordo com documentos da polícia. Ele “acabou de entregar a Lula e à esquerda uma narrativa nacionalista.

E, ao mesmo tempo, está te prejudicando”.

Carmem Munari é jornalista, ex-Folha, Reuters e Valor Econômico. É editora do Focus 21, do Fórum 21.

 

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