Há anos a esquerda e as forças populares não levavam tanta gente pras ruas, em todas as capitais e, ao total, 35 cidades do Brasil.
Contra a Anistia, pela punição aos golpistas, pela Soberania e contra a PEC da Blindagem/ Bandidagem do Congresso; em Curitiba a Boca Maldita ficou lotada, como há anos não se via.
Salvador, Natal, Recife, Rio, Aracaju e Belo Horizonte, entre outras, mostraram muita força. Na maior cidade do país, SP, o ato em julho havia tido 15 mil pessoas e agora alcançou 42,4 mil de acordo com USP e Cebrap. Análises e fotos apontam que deve ter sido maior.
A presença massiva se deve ao caráter antipopular escancarado da Câmara ao aprovar a PEC da Blindagem e da Anistia.
Além disso, o neofascismo neste ano se desgasta e perde capacidade de mobilização ao erguer bandeiras dos EUA e ficar ao lado da taxação e das ameaças ao país, permitindo à esquerda retomar a bandeira da Soberania.
Apresença de setores médios anima a mobilização da esquerda, mantendo o desafio central de ampliar a participação popular e da classe trabalhadora.
Temos que registrar também uma conjuntura importante, na qual o governo Lula reagiu às pressões de Trump, e há espaço para avançar ainda mais.
A pressão das ruas é essencial neste sentido, afinal trata-se do primeiro protesto massivo da história durante um governo Lula. Antes delegava-se ao governo qualquer responsabilidade.
A compreensão de pressão por parte das forcas populares e de posicionamento firme do governo é fundamental no próximo período. O enfrentamento, afinal, dá resultados e anima as pessoas a participar.
Congresso elitista
O caráter elitista do Congresso, avesso às necessidades reais dos trabalhadores, deve ser denunciado pelas forças de esquerda, para acumular em mobilização.
Em algum momento, depois do Plebiscito pela Constituinte do Sistema Político, em 2014, com 8 milhões de votos, perdemos a capacidade de aglutinar em torno da crítica ao Congresso, permitindo que o neofascismo ganhasse forças com o sentimento de crítica às instituições.
Essa crítica é nossa. Não deles, centrão neoliberal e neofascismo, que estão abraçados nas benesses do orçamento secreto, nas pautas privatistas e em buscar se absolver dos próprios crimes.
A redução da jornada de trabalho, a Soberania com direitos populares, o combate ao neofascismo, a taxação dos ricos e o investimento público, com a retomada das empresas estatais, devem conformar uma agenda nacional de mobilizações.
Nosso papel neste momento histórico é fortalecer a organização popular, a unidade das forças populares, construindo uma agenda comum que mobilize milhões.
A organização popular deve se fortalecer no dia a dia, já os atos devem expressar uma agenda que aglutine e seja construída em unidade pelas forças.
Pedro Carrano é integrante da coordenação da Frentes de Organização dos Trabalhadores