“Um pesadelo. É isso que virou a Cracolândia de São Paulo”

Por Tião Nicomedes de Oliveira 

Estava dormindo. Zum me acordou. Agora tá ferrado, vou tocar terror. Entre zuadas de helicópteros. Imprensa, polícia. Bombardeios. Mas foi um bendito mosquito que acordou e me despertou a ira. Um pesadelo. É isso que virou a Cracolândia de São Paulo. Ao que parece, não vai acabar tão cedo. E que, autoridades não vão acordar nunca. Lá se vai, mais de 20 anos. Desde transição da Boca do Lixo, para a Cracolândia da Luz. Agora, Fluxo da praça Princesa Isabel. E de novo voltamos a abolição dos escravos. A lei áurea. A realeza sucedida pelo presidencialismo. E desanda, o Pres. Marechal Deodoro da Fonseca. Indenizar fazendeiros. Mesmo deixando de pagar direitos aos escravos pelo tempo de serviços prestados. A peregrinação das fazendas, rumo as cidades. ao relento. #ladeiradamemoria. De maio de 1888 a maio de 2022. Coincidências à parte. Aos pés do busto de Duque de Caxias, na praça da Princesa. Até o gigantesco cavalo de bronze, parece que viciou em crack. Ou então está muito incomodado com a fumaça dos cachimbos que lhe sobem as narinas.

E pra variar, a minha ex-chefe (SMADS), Outrora secretária municipal da Assistência Social. Recém empossada na SMDHC. A nova secretária dos Direitos Humanos. Soninha Francine. Tirou da geladeira. O abacaxi, mais que azedo. #CampingsSocias pop rua.

E tome pesadelo. Ataques e defesas de tudo quanto é lado. Zumbido de mosquito. Quem dorme sossegado? A praça tá daquele jeito! Modéstia parte. A forma como a proposta fora apresentada no #comas- Conselho Municipal de Assistência Social. Ao custo de R$100 mil reais. Valor exorbitante. Daí a reprovação. E seguiu a conversa do #comitêpop Rua. Que motivou a Soninha a por de volta a proposta na mesa de discussões.

Pra variar, o também vereador, atual secretario Smads. o sr. Carlos Bezerra, que já vinha sendo atormentado por contestações de percevejos nos #centros de acolhida. Que já tava aguentando a zuada do padre#juliolancelloti. Só faltando excomungar a dupla de secretários. Indignado com a idéia de institucionalização dos campings. Zumzumbido. Acabou virando uma música, minha em parceria com o músico Maurício Santana, ator da cia #GrupoSobrevento. Dando logo a raquetada final e mais lenha na fogueira.

Penso que a única solução lógica imediata é temporariamente o #fechaterminal de Ônibus e transformar o lugar no primeiro Camping social pop rua. E ali, acolher em modelo centro de convivência intersetorial, juntando Saúde/assistência social/direitos humanos. Antecipando o inverno. Até que haja solução real. Vale lembrar que o terminal já fecha toda vez que tem ações de zeladoria urbana, integrada com a segurança pública.

Aí o pau come. Vira uma zuada só.

 

Foto de Paulo Whitaker/Reuters

 

Tião Nicomedes de Oliveira é “poeta das ruas”. Autor da peça teatral Diário de um Carroceiro e do livro As Marvadas. Ex-catador e ex-morador em situação de rua, integra o MIPR (Movimento Internacional de População em Situação de Rua). É coordenador do Movimento Padrinhos pela Inserção Social.

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