Um Exército que envergonha o país

Por Simão Zygband

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Entre as inúmeras proezas desastrosas realizadas pelo governo anterior do genocida Jair Bolsonaro, uma delas foi sem dúvida, prejudicar de forma aguda a imagem de austeridade e lealdade à Pátria que o Exército Brasileiro ainda possuía, mesmo após ter sido agente direto da implantação de uma ditadura militar que durou mais de 21 anos.

O depoimento na tarde de hoje do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, na CPMI do 8 de Janeiro é o triste retrato de uma realidade vergonhosa, de difícil recuperação, que agride o moral da nação. Para piorar o deprimente espetáculo, o militar “capacho”, envolvido até a alma na louca elucubração golpista de seu “chefe” e outros tantos desajustados fardados que almejaram assacar contra a Democracia brasileira, decidiu se portar como um delinquente, ousando enlamear e se apresentando com a farda do Exército, para fazer o papel ridículo de silenciar, assim como fazem os criminosos pegos com a boca na botija. Silenciou para acobertar os mandantes da tentativa de golpe e todo mundo sabe quem é o principal, o fujão, o covarde. Cid é alvo de oito investigações por parte do Poder Judiciário, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele está preso desde o dia 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. Entre os inquéritos a que responde, estão os que se referem à possível participação na articulação golpista e na invasão das sedes dos Poderes da República, em Brasília, danificando o patrimônio público do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), ideia estúpida de alguns militares que não honram a farda e os proventos custeados pelo povo brasileiro. O objetivo deles era conturbar a ordem para a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) como uma estratégia de ação contra o governo eleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até explodir um caminhão de combustíveis nas imediações do aeroporto de Brasília as ratazanas planejaram, que poderia ter matado centenas de inocentes.

Bolsonaro, com ajuda de seu capacho fardado e de outros generalecos, deveriam ser afastados do Exército sem vencimentos, como traidores da pátria, pois  envergonham o país. O genocida conseguiu colocar sob holofotes da opinião pública os desmandos existentes nas Forças Armadas, até então acobertadas pelo medo de um golpe que as instituições democráticas ainda arrastam desde o final da ditadura militar.

Os militares estiveram envolvidos, durante o governo de Bolsonaro, em episódios que revelaram o grau de promiscuidade com a coisa pública, vexatórias em um país onde parte da população, que sustenta a mamata da caserna, passa fome e procura comida nas latas de lixos para se alimentar.

Cito alguns exemplos, para ficar em alguns poucos deles, de atitude vergonhosa dos militares no período democrático (imagine o que ocorreu durante a ditadura, quando a imprensa foi amordaçada).

Cocaína no avião presidencial: Nos primeiros meses de governo (sic) Bolsonaro, o avião da frota presidencial foi interceptado na Espanha e no seu interior foram apreendidos 39 quilos de cocaína que estavam sob a responsabilidade do sargento da FAB, Manoel da Silva Rodrigues. Ele foi detido, em 2019, no aeroporto de Sevilha, permanecendo preso no país europeu. Ele utilizava um avião da Força Aérea e estava em missão oficial. O militar fazia parte da comitiva de 21 militares que acompanhava a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Tóquio, no Japão, onde participaria da reunião do G-20. Manoel foi expulso da FAB e continua preso.

Pensão vitalícia para filha dos militares – Bolsonaro manteve intacta esta benesse  para as filhas “solteiras” dos militares, mesmo endurecendo as regras para aposentadoria da população civil. Em 2020, a União gastou R$ 19,3 bilhões com pensões por morte de dependentes de militares. A maior parte do dinheiro foi para as filhas dos militares. Das 226 mil pessoas que recebem o  benefício, 137.916, ou 60% do total, são filhas de militares já mortos. Está aí uma mamata que precisa acabar.

Gastança nas Forças Armadas  – No (des)governo de Bolsonaro, os militares foram alimentados com produtos de luxo. Entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, foram gastos mais de R$ 56,4 milhões nos itens para os comandos da Aeronáutica, do Exército e da Marinha, além da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). Ao todo, foram adquiridos 557,8 toneladas de filé mignon, 372,2 toneladas de picanha e 254 toneladas de salmão pelos militares. A maioria das compras, feitas por meio de pregão ou dispensa de licitação, foram efetuadas durante a gestão do ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto. Não faltaram vinhos importados, whiskys ou cervejas caras.

Viagras e próteses penianas – As Forças Armadas compraram, com dinheiro público Viagra, próteses penianas de até 25 centímetros e remédio para calvície. As denúncias foram realizadas por colunistas do jornal O Globo  e site Metrópoles, com informações obtidas no portal da Transparência e no painel de preços do governo. Este é o bravo Exército brasileiro na gestão de Jair Bolsonaro, o capitão reformado.

 

Simão Zygband é jornalista profissional desde 1979. Trabalhou em TVs, rádios e jornais de São Paulo, onde foi respectivamente pauteiro, repórter e redator. Foi funcionário das TVs Bandeirantes, SBT, Gazeta, Record e dos jornais Notícias Populares, Diário Popular, Diário do Grande ABC , Diário do Comércio, entre outros. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (onde editou o Jornal Unidade) e redator do jornal Plataforma do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Também fez assessoria de comunicação em campanhas eleitorais e mandatos parlamentares. Trabalhou na Comunicação de Secretaria Municipal de Transporte de São Paulo. Foi diretor da Rádio e TV Educativa do Paraná e Secretário Municipal de Comunicação da prefeitura de Jacareí, São Paulo.

 

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