Construir Resistência
Alan Diego dos Santos Rodrigues

Um dos suspeitos de terrorismo tem vínculos com sojicultores

Por Alceu Castilho

Alan Diego dos Santos Rodrigues

O segundo acusado de arquitetar o terror com bombas em Brasília chama-se Alan Diego dos Santos Rodrigues. Ele é de Comodoro, um dos redutos do agronegócio no Mato Grosso. Será ele apenas “um eletricista”, como parte da imprensa se apressou em definir?

O jornal mato-grossense RD News contou que ele é dono da ADR Transportes, em Comodoro. A empresa foi aberta em maio deste ano. Será ele um fanático aleatório, um companheiro apenas eventual de George Washington, o terrorista número 1?

O perfil dele no Facebook informa que ele trabalha desde o dia 21 de julho no grupo Bom Futuro. O que ele estava fazendo em Brasília, então? Ele largou o emprego? Largou a transportadora? O que ele foi fazer com George em evento golpista no Senado?

(E por que a segurança do Senado, essa que alguns insistem em chamar de polícia do Senado, não informa com quem eles entraram para o evento golpista?)

Vejam, o grupo Bom Futuro não é uma empresa qualquer. Trata-se de um dos maiores produtores de soja do mundo. E uma das corporações que mais têm terras no Brasil — são centenas de milhares de hectares. Pertence à família Maggi Schaffer.

(Eraí Maggi é primo do Blairo Maggi, ex-ministro da Agricultura. Sojeiro.)

A transportadora do Alan Diego presta serviço ao grupo? Ele trabalha mesmo lá? Trabalhou? Mentiu?

As informações sobre os dois primeiros presos caminham para algo mais que terroristas de ocasião, de gente doida que tenha ouvido sugestões estranhas de botar uma bomba aqui e ali e aderido por espírito de indignação — ou fanatismo.

Há atividades econômicas por trás, empresas por trás. Não são apenas idiotas marchando e cantando. Algumas dessas empresas, imagino, devem ter todo o interesse em desvincular suas imagens desses dois senhores.

Essas empresas vão dizer o quê? Elas já estão sendo ouvidas pela polícia? Não falo só de polícia civil do Distrito Federal, não. Mas da Polícia Federal.

Não estão? A imprensa não vai cobrar a PF?

Por quê?

O financiamento do terrorismo é um mero detalhe?

 

 

Alceu Castilho é jornalista e diretor do site De Olho nos Ruralistas

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