Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, era um sergipano como eu. Trabalhador, vendia rifas para completar o orçamento que sustentava sua família – um filho de 7 anos e a mulher Maria Fabiana dos Santos. Brincalhão, em Umbaúba, cidade de 24.832 habitantes, era conhecido pela simpatia.

Na quinta-feira, 25/05, por volta do meio dia, pilotava uma moto com um sobrinho na garupa, quando, ao passar pela BR-101, foi abordado por três agentes da Polícia Rodoviária Federal. Acabaria por virar alvo da sanha assassina e da barbárie  que é o novo padrão das policiais que se milicianizaram sob inspiração do bolsonarismo.

Agora, até mesmo a Polícia Rodoviária Federal, cuja função institucional não é participar de operações policiais, passou a adotar tais métodos de matar (uma câmara de gás improvisada), com a qual Bolsonaro pretende criar o caldo de cultura até as eleições para virar a mesa e instaurar um novo regime – um estado policial militar – em que o Brasil vire uma espécie de quartel e em que a maioria da população passe a ter só deveres – obedecer e bater continência aos fardados – e nenhum direito.

 

Nenhum antecedente, nem envolvimento com o crime. Genivaldo, segundo a família, sofria de esquizofrenia e há cerca de 20 anos tomava remédios controlados.

“Eu vivo com ele há 17 anos, ele tem 20 anos que tem o problema dele. Nunca agrediu ninguém, nunca fez nada de errado. Sempre fazendo as coisas pelo certo. E num momento desses pegaram ele e fizeram o que fizeram”, disse Maria Fabiana dos Santos, a viúva, ainda sob estado de choque.

O corpo de Genivaldo foi velado na casa da mãe, no povoado Mangabeira, em Santa Luzia do Itanhy, município próximo.

No dia seguinte a execução, a onda de indignação tomou forma com a população bloqueando a passagem da BR-101, ateando fogo a pneus e usando paus e pedras para ocupar a estrada. Portando cartazes, as pessoas exigiram justiça. Covardes, nenhum policial  militar rodoviário apareceu para conter a revolta popular. A direção da PRF, numa atitude que garante proteção aos assassinos, disse que não vai revelar a identidade dos fardados.
A indignação e a revolta popular apontam o caminho para barrar a escalada em que o Brasil, sob o bolsonarismo, desce a ladeira da barbárie.
Dojival Vieira é advogado, jornalista e editor de Afropress.
Texto reproduzido originalmente no link abaixo da Afropress