Só um Alexandre de Moraes não faz a Democracia

Por Simão Zygband

Foto: Fábio R. Pozzebom | Agência Brasil

O tempo vai passando e os maus brasileiros que tramaram o golpe – com alguns deles cooptados pelo pão com presunto (já que a mortadela é símbolo do petismo) vão se safando de cumprir o merecido descanso nas Colônias Penais, principalmente na Papuda.

O que deveria ser uma punição aos que agiram ao arrepio da lei, assacando contra a Democracia, logo vai se esvaindo como fumaça e, de fato, não existem punições. Às vezes dá a horrível sensação de que o crime compensa em nosso país.

O Brasil tem historicamente o péssimo hábito de passar a mão na cabeça dos fascistas, sobretudo se eles forem ricos. Transformam-se sempre em cidadãos acima da lei. A agressividade da nossa Justiça sempre se voltou contra o chamado triplo P (preto, periférico e pobre). Contra estes, a legislação costuma ser dura e implacável.

Mas a falta de punição aos ricos, à elite golpista e aos tubarões que lesam as riquezas, a moral e a dignidade do povo  brasileiro acaba construindo monstregos que desembocam em uma liderança asquerosa como a de Jair Bolsonaro, um ex-presidente de triste memória que sequer pode ser jogado no lixo da história, por que a lata com certeza reclamaria de presença tão tóxica.

Vamos pegar o exemplo mais recente de frutos podres que a impunidade ocasiona. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi alvo de xingamentos, nesta sexta-feira (14), por um grupo de cidadãos brasileiros no aeroporto internacional de Roma, (identificados como Andreia Mantovani Roberto Mantovani Filho e Alex Zanatta), inclusive com agressão física a seu filho. “Xandão” se transformou no símbolo do juiz legalista cuja ação impediu a concretização do golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os fascistas o detestam. Mas se tem a sensação de que é uma ave solitária na luta contra o fascismo.

Os agressores Andreia Mantovani Roberto Mantovani Filho e Alex Zanatta.
Moraes e esposa em Roma

Mas, apesar de todo o seu esforço, o mais proeminente na luta contra o golpismo, as suas ações não foram suficientes para frear completamente a baba raivosa dos derrotados. Chegaria a dizer que faltou maior apoio e empenho para encarcerar os trogloditas, que ainda pensam que podem sair por aí, em território nacional ou no exterior, desafiando seus desafetos.

Veja o exemplo do que ocorreu na vizinha Bolívia, um país com tantos ou mais problemas que o Brasil, com histórico de golpes de estado realizado por militares e cujos golpistas que derrubaram o presidente Evo Morales, pagaram por seus crimes lesa pátria e acabaram atrás das grades. O mesmo processo aconteceu na Venezuela de Hugo Chavez (com a prisão dos fascistas) que derrubaram o presidente eleito e na Argentina, Chile e Uruguai, onde foram punidos com pena de prisão os ditadores que implantaram regimes militares sanguinários. É importante lembrar que no Brasil não houve uma “ditabranda”, como queria fazer acreditar um poderoso jornal (sic).

Mas no nosso país tudo acaba em samba e carnaval. Os nossos militares, muitos deles torturadores, não sofreram punições, suas filhas “solteiras” chegam a receber aposentadoria dos pais falecidos, golpistas fardados permaneceram mamando no erário público por mais de 40 anos e todos os nossos esqueletos foram jogados para debaixo do tapete.

A história de impunidade dos golpistas, àqueles que rasgam a nossa Constituição e vão sorrir fardados da nossa cara nas Comissões Parlamentares do Inquérito (CPI) no Congresso Nacional, são os pais do bolsonarismo e do fascismo.

Acredito que só um Alexandre de Moraes não faz a Democracia. É preciso muito mais.

Simão Zygband é jornalista profissional desde 1979. Trabalhou em TVs, rádios e jornais de São Paulo, onde foi respectivamente pauteiro, repórter e redator. Foi funcionário das TVs Bandeirantes, SBT, Gazeta, Record e dos jornais Notícias Populares, Diário Popular, Diário do Grande ABC , Diário do Comércio, entre outros. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (onde editou o Jornal Unidade) e redator do jornal Plataforma do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Também fez assessoria de comunicação em campanhas eleitorais e mandatos parlamentares. Trabalhou na Comunicação de Secretaria Municipal de Transporte de São Paulo. Foi diretor da Rádio e TV Educativa do Paraná e Secretário Municipal de Comunicação da prefeitura de Jacareí, São Paulo.

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