Por Fábio Lau
Não surpreende aos mais atentos e antenados com a História dos militares brasileiros do último século a adesão dos servidores da ativa ao terrorismo ou terroristas.
Em 59, o brigadeiro Burnier e associados tentaram um golpe contra JK naquilo que ficou conhecido como Revolta de Aragarças.
Pretendiam não apenas destituir o governo, mas explodir os palácios do Catete e Laranjeiras – dois dos maiores símbolos da República de então.
Em 64, cooptado pela CIA durante curso no Panamá, o mesmo brigadeiro ajudaria a derrubar Jango e a instituir longa e sangrenta ditadura no país.
Ainda neste ciclo, Burnier planejou sequestrar e assassinar líderes políticos e estudantis além de explodir o Gasômetro -causando a morte de milhares de pessoas. O plano foi frustrado quando denunciado pelo herói não reconhecido, capitão Sérgio Macaco.
Burnier, apesar da ficha corrida, ou por causa dela – é reverenciado nas fileiras militares – especialmente da Aeronáutica.
Jamais foi punido. Ao contrário: foi sucessivamente promovido.
Nos anos 80, outro militar planejou explosões – agora de quartéis: O nome é irrelevante como é o personagem. O criminoso terrorista foi expulso, perdoado, virou deputado adulador de milicos, chegou à Presidência e colocou as tropas de quatro. Especialmente generais. Alguns seriam promovidos a marechais mesmo jamais tendo ido a uma guerra.
Há dias, um novo ato terrorista. E cresce a suspeita de que militares que deveriam proteger a sede do governo abriram as portas para dar acesso e permitir a destruição do interior do Palácio do Planalto.
O único punido até agora foi um coronel, Testoni, assumidamente golpista, que xingou superiores que não ajudaram na derrubada do governo Lula.
Ou seja: não será punido por aderir a atos antidemocráticos, mas por ofender superiores.
Portanto, quando testemunhamos mais uma aberração militar, o que espanta naturalmente é o susto.
A ausência de punição, histórica, fomenta a célula elitista, antidemocrática e criminosa do universo militar.
Hierarquia e disciplina são ignorados secularmente.
Lula tem a faca e o queijo para promover uma profunda e definitiva intervenção.
E o melhor: Lula não precisa se preocupar se perderá ou não o apoio das tropas tendo em vista que já não tem.
Se não punir, os golpistas fardados voltarão.
Fábio Lau é jornalista, roteirista, radialista e empresário