Por Walter Falceta
Nosso grande problema, aqui em Pindorama, é a rejeição atávica ao raciocínio matemático. Ao desprezar São Paulo, parte da militância pensa na quantidade de estados da Federação, e não no número de eleitores em cada um deles.
Os nove estados nordestinos juntos têm cerca de 40,5 milhões de eleitores. São Paulo, sozinho, tem 33 milhões de eleitores, o que corresponde a 81% da massa eleitoral do Nordeste.
Em 2018, como seria se São Paulo tivesse dividido os votos entre o cafajeste e Fernando Haddad? Vamos lá… O miliciano arrebatou 15,3 milhões de votos. Nosso candidato, apenas 7,2 milhões, perdendo em 631 dos 645 municípios.
Imagine agora um hipotético empate aqui. O genocida teria 8,1 milhões de votos a menos. É muito! Mas como é muito?
Vamos lá, de novo. A eleição nacional terminou com 57,797 milhões para o larápio e 47,040 milhões para o petista. Ou seja, uma diferença de 10,757 milhões de votos.
Retire a vantagem de 8,1 milhões de votos obtida pelo canalha em São Paulo e sua imensa vantagem nacional cai para meros 2,6 milhões de votos.
Vale dizer que o voto paulista influencia decisivamente parte do eleitorado no norte do Paraná, no Sul de Minas e no Leste do Mato Grosso do Sul.
A coluna vertebral do reacionarismo que roubou o Brasil, destruiu a Amazônia e matou, até agora, 660 mil brasileiros, se estende de Presidente Prudente a Santos, passando por Marília, São José do Rio Preto, Bauru, Jaú, Ribeirão Preto, Campinas, Grande São Paulo, São José dos Campos e Taubaté.
Essa é a trilha do terror político, dominada em parte pelo evangelistão da bíblia bandeirante.
O Paraná Pesquisas é um instituto que trabalha por encomenda para raposas da velha política. Dá, aqui, 34,2% para Lula e 31% para o crápula. Praticamente um empate. Os números reais não são esses, mas o estudo indica um real viés de alta para o safardana e um viés de estagnação para o barba.
Daí, corretíssimo o pensamento de Lula ao atrair para o posto de vice o sujeito que, até meses atrás, era o primeiro colocado na disputa ao Palácio dos Bandeirantes. Palatável, sempre, para os descendentes de Borba Gato.
Quando começar a campanha, qualquer fatia de eleitorado conquistada pelo ex-governador, mesmo que estreita, representará enorme ganho para as pretensões eleitorais do metalúrgico.
Nem é preciso o voto. Um aceno alckmista que apenas desestimule o voto no vagabundo, por abstenção ou anulação, já rende enormes benefícios matemáticos para a candidatura civilizada.
O mesmo vale para a disputa ao governo estadual, em que o tio do pavê já começa a simpatizar com o infame, tosco e ignorante Tarcísio de Freitas.
Antes de disparar fogo amigo, convém, no mínimo, pensar e fazer contas. A eleição não está ganha. E São Paulo, em parte conservadora e irresponsável, pode, sim, estender por mais quatro anos o sofrimento do povo brasileiro.
Walter Falceta é jornalista e um dos fundadores do Coletivo Democracia Corintiana (CDC)