Por Carlos Ratton
Um verdadeiro embate ideológico, que pouco se vê fora das redes sociais, ocorreu na última terça-feira (3), na Câmara de Santos, quando foi aprovada, em segunda e última votação, por nove votos a seis, a criação no Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas o Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política contra Mulheres Negras, LGBTQIA e Periféricas, a ser comemorado anualmente em 14 de março. A Proposta da vereadora Débora Camilo (PSOL) segue para sanção do prefeito Rogério Santos (PSDB).
Tudo porque, dias antes da votação, o vereador bolsonarista Fábio Duarte (PODE), fez o que pode para que o projeto fosse rejeitado, convocando virtualmente pessoas de ideologia conservadora a lotar a Câmara para tentar pressionar uma virada. “Conto com vocês! Não podemos tolerar esse absurdo”, disse o parlamentar e ex-militar, adepto a ‘bancada da bala’.
A convocação de Duarte não deu o resultado esperado. Ao contrário, nas galerias, a convocação de Débora foi mais forte e pessoas favoráveis ao projeto eram em número bem maior. Aos gritos, com faixas penduradas no guarda corpo das galerias, os manifestantes favoráveis à proposta gritavam “fascistas, racistas não passarão”.
Na primeira votação, a proposta de Débora tinha sido aprovada por 14 votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção. Débora chegou a postar antes da decisão: “estou sendo ameaçada por bolsonaristas que querem tumultuar”.
Fabrício Cardoso (Podemos) defendeu até que o projeto mudasse de nome, apenas para não ficar impresso no calendário santista o nome da vereadora carioca assassinada.
VOTAÇÃO
A votação foi diferenciada. Alguns parlamentares conservadores votando favoravelmente ao projeto e um progressista votando a favor. Votaram a favor Augusto Duarte (PSDB); Audrey Kleys (Progressistas); Benedito Furtado (PSB); Cacá Teixeira (PSDB); Chico Nogueira (PT); Lincoln Reis (PL); Rui de Rosis (PSL); Telma de Souza (PT) e Débora.
Foram contra Adriano Piemonte (PSL); Bruno Orlandi (DEM); Edvaldo Fernandes (PSB); Fabrício Cardoso (Podemos); Sérgio Santana (PL) e Duarte. Outros como Ademir Pestana (PSDB); João Neri (DEM); Paulo Miyashiro (Republicanos); Roberto de Jesus (Republicanos) e Zequinha Teixeira (PSD) resolveram abrir mão do direito de voto e não participaram da decisão.
Texto publicado originalmente no link abaixo do Diario do Litoral
Resposta de 0
Que ótimo. Bom seria se os órgãos federais perdessem o mandante do crime.