Texto e arte de Sergio Papi
Na esperança de dias melhores, me endivido junto às prestimosas casas de tolerância bancária, tão generosas quanto argentárias, dentro dos mais rigorosos padrões da educação financeira.
Comprometendo com prudência duvidosa minha renda futura, já que aumentam as possibilidades de não estar mais aqui para ser cobrado, e empurrando com a barriga cheia de coxinhas e empadas de padaria, venho praticando aquilo que os ingleses costumam chamar de rolagem da dívida.
Sem preocupações, pois como já dizia sabiamente meu pai, quem tem que se preocupar são os bancos, atravesso altaneiro e senhor de mim o inclemente mês de nosso calendário Maia, quando se comemora a grande festa pagã.
Com arzinho petulante dos que não devem nada a ninguém, espero alcançar o próximo mês, quando é sabido começa a girar indolente a roda da economia.
Quem não acredita no milagre da multiplicação dos pés, quero dizer, dos pães? Quem não mete os pés pelas mãos quando se trata de assunto tão sério como a própria sobrevivência?
Como dizia o filósofo, o brasileiro só de estar vivo já é um grande milagre. Oh, musas siliconadas sambando seminuas na avenida! Oh, Reis Momos empanturrados de boias filadas nos banquetes oficiais pagos pelos cofres públicos!
Sergio Papi é escritor e designer gráfico
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