Por Alessandra Pio
Essa imagem traz uma informação que você deve estar rejeitando há tempos, mas que não temos mais como esconder: pobres internalizaram o espírito do colonizador. Pobre consegue ignorar a falta de bens sociais essenciais, a escassez, a injustiça. Consegue até se olhar no espelho e se acreditar branco.
Sim.
Essa foto é um texto gigante, que escancara o colorismo inculcado pelos colonizadores.
Nessa foto as pessoas pegam o Metrô da Linha 2, no Rio de Janeiro, para se unirem àquelas que consideram iguais: a velha burguesia falida e branca de Copacabana, ou a nova, da Barra da Tijuca.
Vamos sair da panfletagem e começar a conversar com o vizinho. Ele acha que seu carro parcelado em 60x o faz superior, clareia sua pele.
Vamos observar os comentários dos docentes meritocratas que trabalham conosco!
Vamos dedicar tempo aos almoços de domingo.
Gente, não é só afirmar que é burrice.
Há muito o que combater…
Essa senhora na escada (negra, cabelo alisado, com blusa em defesa de um slogan que nega sua existência) acredita ser parte.
Qual parte lhe caberia?
Ela sabe?
O que ela se nega a ver?
É racismo, é negação da própria existência, é a perpetuação do estado colonizado… como vamos trabalhar isso?
Certeza de que não é com memes, tampouco rindo da situação de catástrofe à qual chegamos.
Vamos agir na verdade?
Vamos pensar como?
Alessandra Pio é doutora em educação pela UFRJ e professora da UFRN.