Por que ódio tão grande ao Flamengo?

Por Toninho Nascimento

Assisti à final da Copa Libertadores ao lado de dois amigos, torcedores do Fluminense, como eu, e acompanhando os comentários de outros, pelas redes sociais. Fiquei impressionado. Os gols do Palmeiras eram comemorados como gols do próprio Fluminense, o de seus outros times, numa decisão.

É claro que não esperava que torcessem pelo Flamengo. Não sou um “suíço” do futebol – apesar de nos 16 anos em que fui editor de esportes tivesse que manter uma postura pretensamente neutra, nem sempre possível….rsrsrs. Mas voltemos à Libertadores. O que me surpreendeu foi o ódio dos demais torcedores  ao rubro-negro. E ele cresceu muito nos últimos anos.

No “Bem, amigos!”, Galvão Bueno destacou esse ponto. O ex-jogador Júnior acha que este ódio passa por um processo de  “elitização”, com os preços dos ingressos tendo sucessivos aumentos, o que afastaria o torcedor comum dos estádios, fato que teve início com a administração anterior, de Eduardo Bandeira de Mello e prosseguiu com Rodolfo Landim – que será reeleito sábado que vem para mais três anos.

Ok. A explicação serve em parte. Acho que existem três pontos bem mais importantes. O primeiro deles tem como fator a mesma diretoria do Flamengo. Desde que Landim assumiu, a postura do clube é ignorar os demais – é o único a não ir a reuniões na CBF –  e procurar o apoio do governo Bolsonaro para conseguir aprovar pautas próprias- vide direito de TV para os mandantes – até com apoio a posturas negacionistas, como a volta rápida aos estádios em plena pandemia.

O segundo passa pela postura dos torcedores rubro-negros, principalmente nas redes sociais. Com o domínio total no futebol carioca, o pessoal do arco-íris, como chamam de forma homofóbica os demais, é motivo de desprezo, de ironia – sempre um perigo – e de desqualificação. Somos de segunda categoria, tanto em número quanto em resultados.

A terceira questão acontece em qualquer área de nossa vida e, de certa forma, não é culpa dos rubro-negros. Detestamos os que vencem sempre. No esporte, ainda mais. Exemplo: é raríssimo torcemos por uma seleção dos Estados Unidos, nos esportes que dominam. Torcemos e admiramos seus grandes atletas, não sua bandeira.

A vitória é irmã quase gêmea da arrogância. A derrota faz bem, se não for constante. Ela é irmã gêmea da humildade. Ouviram, rubro-negros?

FOTO:  Escudo do Flamengo, na sede do clube (Alexandre Vidal)

Nota do Editor:

Toninho Nascimento é jornalista e foi editor de esportes do jornal O Globo por 16 anos. Matéria publicada originalmente no Quarentena News.

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