Por Fábio Lau
Casagrande é um jogador raro. Por quê? É cheio de personalidade. Ao desembarcar no futebol, ainda menor, tinha posições claras sobre estilo, moda, música e drogas.
Era um menino Rock’n Roll.
Foi, por isso mesmo, alvo frequente de policiais que, nas noites de SP, faziam alarde ao apresentarem flagrantes geralmente contestados pelo jogador.
Jogava bem. Grandalhão, tinha um quê de Roberto Dinamite. Fazia gols de cabeça, pernas direita, esquerda, calcanhar (como seu Mano mais velho, Sócrates) e, por isso mesmo, chegou à Seleção. Foi para a Copa de 86, mas não superou o desafio de suplantar dois jogadores melhores tecnicamente: Muller e Careca. Ficou no banco.
Ao deixar o futebol, ainda novo, 33 anos, mergulhou nas drogas. Escreveu uma densa biografia sobre o tema. A obra, corajosa e rara, lhe custou a tranquilidade, mas confirmou o caráter do ser humano.
Hoje, muitos que não o viram jogar, não enfrentaram adversários perigosos na bola e na política, como a ditadura militar, tentam reduzir seus feitos.
Casão renasceu. Virou comentarista da Globo onde jamais abdicou do direito de manifestar opinião.
Idas e vindas, quedas e saltos, ele hoje, mais do que nunca, briga pelo bom futebol. Critica, por isso, o marasmo e o descompromisso de supostos “craques”.
Enfrenta a mediocridade que grassa dentro fora dos campos e encontra pouca gente a lhe prestar solidariedade.
Mas não desiste.
Respeito homens como Casagrande – que honram palavra, opinião, tem posição e não abaixam a cabeça para o poder ou poderosos.
Não respeito a maioria dos detratores que se calcam no dinheiro, numa controversa fé, no moralismo da abstinência e mascaram a droga da hipocrisia.
Levantam o dedinho pra Deus, mas sonegam impostos e renegam o passado.
Sou mais Casão.
Fábio Lau é jornalista, roteirista, radialista e empresário
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Casagrande fui comentarista da globo porque falava o que a globo queria. Sócrates foi comentarista da globo por um jogo apenas porque falava o que a globo não queria ouvir.
Obrigado pelo seu comentário