Por Adriana do Amaral
“Fica vedado, nos projetos financiados pela Lei 8.313/91, o uso e/ou utilização, direta ou indiretamente, além da apologia, do que se convencionou chamar de linguagem neutra”
Ser ou não ser gay, bicha, sapatão, homo, bi, hetero, trans, intersexo e até assexuado ou autossexual deveria ser uma questão pessoal, não social. No Brasil, o que é permitido no velado é omitido em público e quando o privado é tornado comum vira intolerância.
Os mesmos artistas que são aplaudidos no palco são criticados quando revelam as sua preferência sexual. E isso tem incomodado mais na medida em que as escolhas e identidades diversas são reveladas e inspiram um novo modelo social.
Essa semana, um atleta brasileiro disse o que pensa nas redes sociais. Pagou por isso, mas afirmou que não se arrepende e vai defender o seu ponto de vista em outro lugar. A polêmica se acirrou quando a ficção pôs o dedo na ferida ao criar um personagem bissexual. Mas não qualquer um, mas o filho do #Superman!
Por que a iniciativa da #DCComics e #JonKent, incomoda tanto? Como diria #GilbertoGil, que o #Super Homem venha nos dizer agora, que a sua porção melhor é feminina!
Homofobia é crime no Brasil, passível de punição, porém os índices da violência pela intolerância são assustadores, já falamos muito sobre isso aqui no Construir Resistência, por isso não vou me repetir em números. A questão do discurso versus prática ainda é problema por aqui. Aliás, um problemão.
Enquanto a polêmica do HQ se desenrola da meada da intolerância, outros perigos rondam a sociedade brasileira, que ao mesmo tempo prega o amar livre e a tradição família propriedade. Há perigo no ar.
Há dias, em 28 de outubro, foi publicada no #DiárioOficial a portaria 604 (refere-se à Lei No 8313/9) mostrando que o praga da intolerância cresce tal “tiririca na grama”. Assinada por André Porciúncula, Secretário de Fomento e Incentivo à Cultural que, confesso, nem sabia que estava trabalhando tal a ausência de políticas públicas voltadas à Cultura na gestão atual . É de pasmar!
A partir de agora, os editais voltados ao financiamento da #LeiRouanet não podem ser redigidos com palavras da linguagem não binária. Ou seja, aquela que não segue o padrão formal, que identifica o masculino e feminino, onde o coletivo é masculino.
Por exemplo: Todes, todxs no lugar de Todas e Todos. Linguagem que se popularizou no Brasil plural, onde os cidadãos têm direito legal pelo nome social, cirurgia de redefinição de sexo e casamento intersexos. Inclusive, usada aqui no portal.
A mesma que convencionou a saudação inclusiva:
Bem-vindos todos, todas e todes/todxs!
A linguagem neutra foi proibida por lei. Assim, segue avançando as garras da intolerância, que pretende excluir o acesso à diversidade – e a afirmação das identidades múltiplas- àquela era foi, um dia, a mais inclusiva das leis de fomento.
#amaremudarascoisasinteressamais
#LGBTQIA+
Imagem: Reprodução